Para um benfiquista, este seria o imposto a criar para
os adeptos do Sporting, os quais, por sua vez, pretenderiam o Vermelho ou
Encarnado para os do Benfica. Enfim, para se não rirem uns dos outros o Imposto
Verde é para todos.
Este imposto, que efectivamente se chama Imposto
Verde, criado dentro do espírito da fiscalidade verde, circula por aí em forma
de três e veste-se com o traje de taxa: uma taxa sobre os sacos de plástico; um
agravamento do imposto sobre os produtos petrolíferos; uma taxa sobre os
recursos hídricos.
A taxa sobre os sacos de plástico fixou-se em oito
cêntimos por saco, alegando-se num arrazoado justificador para, segundo o
legislador, a quem compete congeminar sempre justificações, reduzir a
utilização de sacos para um nível máximo de 50 sacos per capita ao ano em 2015, e de 35 sacos per capita ao ano em 2016. Quando se decidiu, por esta via e muito
justamente, pôr cobro a tanto desperdício, cada português utilizava em média
466 sacos!
Quanto às estatísticas, sou sempre desconfiado,
porquanto as médias levam o justo e o pecador para números que não são de um
nem do outro, como o ditado que diz: por um que morre de sede, morrem cem mil
por beber de mais.
Há indígenas que requeriam um saco onde cabia um
presunto para transportarem apenas um pacote de amendoins. E havia outros que
se recusavam a levar para casa os jornais semanários se não fossem encafuados
nos sacos apropriados, embora nestes casos se compreenda que, dada a profusão
de encartes, o mais apropriado era um carrinho de mão.
É, por assim dizer, uma coisa escorreita, de nomeada
se afigura, e um pacote de taxas, se não receber posteriormente mais uma taxa
sobre os pacotes que substituírem os sacos de plástico.
A cor verde parece andar na moda, embora nalguns
casos, tomando-lhe o nome quem nada tem a ver com ela, nos faça confusão: há o
Gasóleo Verde, que se destina às máquinas agrícolas, mas algumas “lavram” com
ele a 120 à hora nas vias rápidas; há o partido que se diz ecologista e que
assumiu a designação de Verdes (mas que se juntou aos Vermelhos); há a Via Verde,
aberta para quem adere a passar por ela como cão por vinha vindimada ou com
uvas ainda verdes; o Correio Verde, quando a cor dos CTT é vermelha; celebra-se
o Dia Verde por um mundo mais sustentável e nunca ninguém se lembrou do Dia
Vermelho (ao que julgo, apenas o Dia do Nariz Vermelho); degusta-se o Vinho
Verde, mas ninguém ainda provou o Vinho Vermelho, embora a água-pé e alguns
tintos baptizados assim se vejam (baptizou-se um vinho Verdelho para que o
vocábulo misturasse as cores); a eléctrica de Portugal criou a Casa Verde, que
é suposto rentabilizar e poupar energia, mas que deixa os cinsumidores
vermelhos perante a factura; a própria EMEL criou um Dístico Verde, que permite
o estacionamento aos carros eléctricos sem pagamento de tarifa e sem limite de
tempo, mas é com aqueles sem este dístico que vai facturando; e também se canta
e dança o Verde Gaio, quando a ave até possui uma plumagem castanho rosada
(mais para o vermelhusco em dia de sol) ou ainda azul. E não falta aquela
piada: “os óculos de cor verde servem para verde perto”; ou ainda essa outra,
mais áspera: “quem deita Cheiro Verde (pivete) é o Hulk”.
Com tanto verde, acabada a “mania” dos plásticos,
poderá continuar a taxa para todos os que se deitam na relva dos campos e
jardins ou usufruam, ainda que circunstancialmente, da sombra das verdes
ramagens. Não consta que sejam tributados, com uma taxa verde bem agravada,
aqueles que, ao poder do fogo, realmente são os que mais contribuem para o
desaparecimento dos verdes.
Ainda pela cor, à guisa de nome para um imposto que se
afigura como taxa, pelo caminho ficou a taxa sobre o transporte aéreo, que
também constava da proposta dos peritos. Prometeu-se legislar, mas de promessas
quem vive é santo. Como a procissão ainda vai no adro, veremos o desenrolar dos
romeiros ao entrar no templo, queira Deus não se tresmalhem sem a vigia dos
mordomos.
Para que não haja equívocos: apoio incondicionalmente
o Imposto Verde, tratem-no por taxa ou pelo que quiserem.
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