sexta-feira, 15 de junho de 2018

EU FAÇO AS PERGUNTAS (2)

Para amostra, publico 4 páginas retiradas dos PDF'S: uma par e uma ímpar, das perguntas a que se refere a gravura, seguida da solução; outra par e uma ímpar, das perguntas que não têm gravuras, também estas com a correspondente solução (na página par seguinte).




quarta-feira, 13 de junho de 2018

EU FAÇO AS PERGUNTAS


Seguiu hoje por correio electrónico para a gráfica. O prefácio fala sobre o tema. Já a seguir...


Este livro não é para o seu autor mostrar ao Leitor que sabe tudo nem para o Leitor demonstrar aos amigos que tudo sabe, embora ambos saibamos alguma coisa. Foi concebido para que os amigos façam perguntas e testem conhecimento dos seus amigos, caso assim o entendam, no siso de proporem gastar um serão diferente sem tanta conversa que enfastie, porque a madrugada não demora.
Não há perguntas de cacaracacá: se algumas são acessíveis para o comum dos mortais, principalmente para os que gostam de ler, nadar e fazer yoga, outras são retorcidas como a cauda dos cochinos.
Será um teste a uma cultura dita geral (porque o geral da cultura é inalcançável), sem ter de recorrer ao Trivial Pursuit ou à profusão de Quizz, ainda outros testes que possam elevar o ânimo dos sabichões e de todos aqueles que gostam de demonstrar que estoiram de sabedoria.
O título é elucidativo: “Eu Faço as Perguntas” porque é isso mesmo que dirá o Leitor que o tem nas mãos, abre o concurso e começará por essa expressão afirmativa, sinal de que tem a tarefa mais fácil e mais cómoda – nunca erra. Mas tudo o que o Leitor fará, o autor fez e outros farão por ele, é testar amigavelmente alguns conhecimentos, curiosidades e interrogações que, estando certas como suponho que estão, contribuem para o espólio do conhecimento de cada um e de todos.
Por falar em conhecimento, o autor começou pelo fim para chegar ao princípio, à guisa do caranguejo que supõem erradamente andar às arrecuas; ou seja, da resposta espiolhada em obras várias, mormente enciclopédias disto e daquilo, partiu para as perguntas. Para as alternativas, naturalmente erradas nas restantes 3 alíneas (uma apenas é naturalmente a certa), usou da coerência e da imaginação para poder “baralhar” o interrogado.
Se é verdade que no pouco se vê o muito, 328 questões sobre os temas propostos na abertura, com 12 ilustrações da sua mão (com 28 perguntas), algumas mais mirabolantes que outras, como é dos cânones, julga o autor suficientes para monopolizar o interesse em vários serões.
As perguntas são precedidas pelas quatro primeiras letras de cada tema e as respostas possíveis estão alinhadas pelas quatro primeiras letras do alfabeto, sendo falsas três desses correspondentes caracteres.
Nas páginas ímpares estão as perguntas, alinhadas pela mesma ordem sequencial, nas pares sequentes estão as respostas. A razão por que talvez esta forma de soluções apresentadas nas ditas páginas pares preleve em relação a outras obras congéneres é aquela que confere à resposta certa não indicar apenas “a seco” a alínea correspondente à exactidão da pergunta, mas fundamentar a mesma, adicionando a justificação mais ou menos longa sobre a questão. Isto permitirá ao Leitor – e perdoe o alvitre – mais um motivo para brilhar no esclarecimento do perguntado, sem embaraçar o interlocutor se possível e sem ficar embaraçado pela busca atrapalhada da solução no final do livro, porquanto se faz as perguntas terá todo a legitimidade para corrigir as respostas dos seus patrícios no mais curto espaço de tempo.
Mas, aparte o recheio em pouco mais de três centenas de questões divididas equitativamente por doze temas, este livro deve trazer um breve e relevante cabedal de esclarecimentos sobre cada uma das incógnitas, esclarecendo por que é uma vera e as outras três inexactas.
No final, abrem-se algumas páginas para que o Leitor, se for, como presumo, detentor do livro, escrever as suas próprias questões e as soluções para elas, de acordo com o mesmo figurino.
Esta obra não se encontra escrita segundo o dito Novo Acordo Ortográfico, a contragosto de quem pretendeu alterar a grafia, ainda que possa eventualmente baralhar quem é obrigado a escrever deste novo modo, em desdenho da ortografia do português genuíno. Ainda não encontrou o autor a pertinência para a sua imposição por decreto, tal como está. Não queiram que sejamos meros “espetadores” quando não queremos ser meros espectadores.
Este livro terá os seus defeitos, mas certamente não será de todo destituído de virtudes. Façam-me essa justiça.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

"O TRAÇO DA JUSTIÇA"


Afinal, sempre se depreende que o conceito de Justiça não se fecha à sociedade entre o espaço reservado – e temperado por processos volumosos, togas e becas –  de um Tribunal. Foi assim com a exposição de caricaturas “O Traço da Justiça”, em boa hora proporcionado e organizado pelo Juiz Presidente Dr. José Avelino Gonçalves.
Se o dito espaço ou fórum judicial, em matéria de contencioso obriga réus e testemunhas a baixar a cabeça, por culpa ou inocência, face aos circunspectos magistrados judiciais, causídicos e oficiais de justiça, quase sempre sob um timbre severo e hierático, desta feita os trabalhos expostos obrigam a ergue-la para admirar uma obra caricaturada sobre… a Justiça, aquilo sim.
Será, digo eu, com outro estado de alma, melhor dizendo, força de ânimo, que vemos a lufada de ar fresco que se abriu na Casa da Justiça, designadamente na belíssima sala de audiências do Tribunal de Castelo Branco, onde decorreu um debate paralelamente à exposição disposta no exterior. Debate, diga-se, onde participou um representante da Justiça (Dr. João Ramos) com “Nós os magistrados vistos por eles os jornalistas”, uma jornalista (Lídia Barata) através de “A Justiça e a Imprensa Regional” e um perito na arte da caricatura (Osvaldo de Sousa) que falou de “Liberdades de Humor e Expressões de Direito”. E, não o escondo, onde eu tive de “meter a colherada” sem acrescentar nem diminuir ao muito bom que foi dito. Nestas coisas sou muito frugal, junto a fome com a vontade de comer e mando os meus palpites.
Na sala de audiências do Tribunal de Castelo Branco, e da esquerda para a direita: Osvaldo Sousa, Francisco Geraldes; Dr. José Avelino; Santos Costa; Francisco Varela; Zé Oliveira

A ideia nasceu a propósito dos 50 anos do jornal “Trevim” e na arte do cartune e da caricatura, o humor e a imprensa. “O Traço da Justiça” conta com o trabalho de Osvaldo de Sousa, Carlos Sêco, Zé Oliveira, Francisco Geraldes, Onofre Varela e Santos Costa (sim, eu próprio, convidado pelo Amigo Dr. José Avelino), para além de uma exposição (magnífica e direi única) de Francisco Geraldes, sobre aparos de canetas e estas próprias, de todos os tempos e de todos os feitios, instrumentos preciosos para, nas suas épocas, lavrarem no papel o que seria suposto correr pela Lei como água-benta sobre os pecados comatosos. Sim, porque para se sentar no banco dos réus não será por muito ir à missa.
A Justiça e o Cartune em debate

A exposição, aberta ao público de 5 a 18 de maio no Tribunal Judicial de Castelo Branco, encontra-se nutrida por contribuições de autores portugueses – os indicados acima – numa galeria onde também constam caricaturas de 40 artistas provenientes de 15 países. É ali que se criticam os costumes, as ditaduras, as injustiças; é ali que se ajuda a construir a democracia, a liberdade e se apontam defeitos. Não sentir esse espírito é cair na tese do perfeito desinteresse, ou seja, tal como no rifão: quando se ergue a mão para apontar a luz, o imbecil olha para o dedo.
De Castelo Branco, a exposição deu “um salto” até Proença-a-Nova, não para beneficiar do acolhimento de uma Domus Justitiae (que não possui: está em Oleiros; em Proença, o Julgado de Paz), mas para se privilegiar num espaço magnífico de luz e modernidade, que são os Paços do Concelho (de 2 a 25 de Junho) e a Galeria Municipal (de 2 a 27 de Junho). As exposições de cartune “Trevim – 50 anos com Humor” e “O Anti-Herói no Humor de Imprensa” são agora apresentadas ao público em Proença-a-Nova por iniciativa do município local. O presidente da Câmara Municipal, João Lobo, dando evidentes provas de como deve ser um bom anfitrião, destacou a abertura dos Paços do Concelho a uma exposição cultural, seguindo a lógica do Tribunal da Comarca que, “na pessoa do seu juiz presidente tem mostrado uma forma diferenciada e a capacidade de, sendo a Justiça um local nobre e o primeiro pilar de qualquer sociedade, torná-la de facto muito mais próxima dos cidadãos”.
Na opinião do mentor da exposição, Dr. José Avelino Gonçalves, “a justiça não é só resolver os problemas das pessoas, tem muito de arte e de cultura”. E tem, afirmo eu também. Pelos tribunais rodopiam os valores, as estimas e os estigmas da sociedade, porque se quer regulada: a segurança, o rigor no castigo, a peneira do certo e do errado entre almas cândidas e outras desabridas na zoologia nada graciosa de toda a casta de delinquência. A arte de bem julgar é arte; a arte de bem esgrimir argumentos e decidir com acórdãos consistentes é arte. E a cultura é um paradigma de quem julga, pois para julgar é preciso saber e conhecer. O certo é que a arte e a cultura impedem que, na barra da Justiça, se transforme a vara em cajado.
Objectar-se-á: que é isso de abertura, quando ela se pretende fechada? Naturalmente pretende-se fechada no seu segredo de juízo, no tão propalado segredo de justiça; aberta seja no sentido da transparência, no primado do trânsito julgado e bem julgado e, fora disso, na observação da autocrítica através do humor e da caricatura.
Poder-se-á dizer, perante as caricaturas e os cartunes: este é o Traço da Justiça que justifica de forma bem humorada o Braço da Justiça. Nem mais…
O Presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, Engº João Lobo e o Juiz Presidente do Distrito de Castelo Branco, Dr. José Avelino Gonçalves, durante a abertura da exposição

Dos meus trabalhos ali expostos, é natural que não seja do meu apreciar tal estatuto, porquanto tracei o que, ao tempo da sua publicação em “O Diabo”, me foi dado criticar os intervenientes no ramo judicial e as respectivas tutelas. Se o fiz, no meu carácter impulsivo e aventureiro, sempre pensei que os visados, não sendo broncos e indóceis (e não o foram) aproveitaram o rifão atinente que prevalece pelos tempos: escuta dos outros para saberes de ti.
Não deixo de reconhecer o esforço e a simpatia, que agradeço, do grande dinamizador da iniciativa, Juiz Presidente Dr. José Avelino, do corpo directivo e colaboradores do jornal “Trevim”, do Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco Luís Santos Correia e do Presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova João Melo Lobo, bem como da companhia imperdível do magistrado José Avelino, do eternamente jovem Francisco Geraldes e do Vítor, do Zé Oliveira e do Onofre Varela. É nestas amizades onde não vinga o mato e o capim, porque o solo se encontra lavrado em sulcos profundos e a arada é fértil.