Neste blogue tive oportunidade de escrever a lenda daquela mulher que, nos inícios do séc. XIX, resistiu aos invasores franceses. Coloquei o título de "A MULHER QUE MATOU OS FRANCESES".
Como o "bichicnho" do desenho e da BD nunca me largaram, passei a lenda a uma página desenhada, a qual figurou na página 63 e na contracapa do Volume 14 de "O BANDARRA - Almanaque Anuário (ano de 2002)".
Aqui vai ela.
Na
fábrica de Suresnes, em França, Alexandre Darracq construiu um dos veículos que
o Comendador Costa Limafoi buscar a
Lisboa, fazendo-se acompanhar por dois amigos. De resto, o capitalista era a
teimosia personificada e jurou, naquele ano de 1903, chegar a Trancoso sobre
uma máquina movida a motor.
O Darracq,
possivelmente um modelo do ano anterior, acabou por transformar a viagem do
proprietário e dos acompanhantes numa autêntica odisseia até chegarem a
Trancoso. Assim foi que, perto da vila da Tábua, virou-se o carrinho, tendo os
seus ocupantes ficado por baixo do dito numa dorida balbúrdia. Fora o susto,
palparam-se duas vezes e, não fosse um anjo-custódio qualquer, era uma vez três
compinchas motorizados. Depois de devidamente reparado numa oficina
de Coimbra, Costa Lima, mais eufórico, anunciou para Trancoso, através de um
telegrama, o dia e a hora da chegada. Contava ele que a carripana havia de
subir alegremente aquela estafa de Freches até ao Alto dos Frades. Para a
mecânica da época era como se procurasse subir ao cabo do mundo, em macadame
cheio de fissuras e batido por muitos cascos de mula e rodas de carroças.
Porém, o pobre Darracq não aguentou a
estirada, para mais picado pela excitação de chegar do seu dono e o peso de
todos os fabianos que iam por cima. Conclusão: acabaram todos por subir, sim,
mas a trote de mula, pois carro e ocupantes foram puxados por um par de animais
daquela espécie que, em boa hora, os rebocaram desde o Chafariz do Vento. Esta a primeira ocorrência, verdade
verdadinha, narrada com algum humor no jornal da terra. Vamos ao incidente que, liberalmente, se
toma por lenda. Seguia,
certo dia, o Comendador Costa Lima sobre a sua viatura, erecto e satisfeito
como rei babilónico, quando, chegados à tal curva que ficou com o seu nome, o
carro, sem mais aquelas deu em estacar subitamente. Dali não saía, nem para
trás nem para diante. Dir-se-ia que a máquina, descon-tente com alguma, o fazia
por pirraça. Nem que fosse o burro mais teimoso da paróquia!Varrendo do
espírito que o carro tivesse conserto, Costa Lima saltou dele para fora. Maldita traquitana, pensaria ele, já vendo
aquela formosa viatura transformada em ferro-velho. O certo é que o motor
continuava a trabalhar, mas para se mover, de grilo! Temperamental como era, Costa Lima não
achou graça àquela "caçoada" do Darracq,
que já lhe tinha pregado a picardia em Espariz na viagem inaugural, quando se
voltou e lhe causou uma escoriação no olho direito. Era demais! Vai daí, puxou
da pistola e ferrou um balázio na carroçaria do automóvel. Mais não faria se se
tratasse de um cavalo moribundo, com a diferença em que aquele tiro não era de
misericórdia, mas de raiva. Mal recebido o projéctil, o carro deu um
solavanco e pôs-se a andar, desenfadado como um toiro. Ao Comendador
puseram-se-lhe os cabelos em pé. Mas se não tivesse dado uma boa corrida e
saltado,como um gamo, para os comandos, teria visto o seu carrinho mergulhar
nalgum chafurdo e rolar pela encosta abaixo. Não se sabe quem contou tal episódio. A
ter acontecido de facto, é verosímil o incidente, pois nos primórdios do
automóvel era costume verificar-se o sobre aquecimento do motor e das peças
componen-tes locomotoras. Como se encontraria engrenado, na altura da paragem
forçada, mal houve um arrefeci-mento, ala moleiro.
Da lenda ou da realidade,esta é a
história da Curva do Costa Lima.
À Venda a 6ª edição, ainda pelo preço da primeira, que é de 9 Euros. É a terceira capa,com conteúdo sem alterações. O Padre Costa, a quem a fama atribui 299 filhos de 53 mulheres.
Cultura e incultura, críticas e demais tropelias
Natural de Trancoso, se vivo fosse, o sapateiro Gonçalo Anes Bandarra teria criado este blogue e, através dele, divulgaria as suas profecias e demais tropelias. Como vivo não é, achei que o papel que lhe caberia a ele deve ser feito por alguém, ou seja, por mim. Sobre o futuro, não queiram aproveitar um ponta do véu levantado; sobre a chave do euromilhões e outras chaves que abrem as portas da fortuna, nada de nada;acerca do quotidiano, sabeis mais do que eu, pelo que escuso divulgar; no tocante à cultura e à crítica, ficarei sujeito a ela e pouco a dominarei. Então, para quê, este BANDARRA? Boa pergunta ! A resposta, meus Caríssimos, tê-la-eis se consultardes este oráculo, tabernáculo e espaço de cultura, incultura, crítica, caricatura bem e mal-dizer. De tudo, por tudo, espero que o vero Bandarra me perdoe: que ele descanse em paz e que esta não me falte. Vós, Leitores, sabereis se valerá a pena entrardes uma segunda vez por esta porta. De qualquer forma, sede felizes.
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