sábado, 29 de dezembro de 2018
CAPAS- MILITARES NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA
A capa que está a abrir este post saiu em 3 de Junho de 2016, uma vez que seria esta a ilustrar o livro que agora vai sair no mês de Janeiro de 2019. No entanto, depois de findar o trabalho de pesquisa e de texto, decidi integrar o título e a obra nos "Novos Cadernos de Trancoso", de que já apresentei a capa no post de 22 de Dezembro, que ora decorre,e que repito a seguir.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
OS PÁSSAROS EM FIM DE ANO
Esta gravura foi retirada do original de uma aguarela que fiz propositadamente para o luxuoso volume "Os Avós e os Netos", como ilustração de uma poesia do autor e editor Augusto Gonçalves (Augusto Pinto), um amigo já falecido, da MEL Editores. A obra, que eu ilustrei, tem cerca de três centenas de ilustrações coloridas e esta, na página 38, é uma das minhas preferidas.
Para vésperas de fim-de-ano, achei-a consentânea com o período do calendário, uma vez que nas arrumações no back-up dos ficheiros, encontrei-a entre muitas outras.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
ARRUMAÇÕES - "A EXECUÇÃO DOS TÁVORAS"
Quando se aproxima o fim do ano, é costume dar uma volta aos arquivos dos originais; e encontrei esta prancha de "A Execução dos Távoras", bem como duas outras que estão inacabadas, uma vez que transformei para este formato vertical as pranchas inicialmente publicadas na horizontal.
Nota de correcção inserida em 27 de Dezembro: emendado o título e corpo do texto; onde estava "O Processo dos Távoras" passou a estar "A Execução dos Távoras", pois foi efectivamente com este último título que foi publicada a série no jornal "O Crime",já lá vão uns bons anos.
Nota de correcção inserida em 27 de Dezembro: emendado o título e corpo do texto; onde estava "O Processo dos Távoras" passou a estar "A Execução dos Távoras", pois foi efectivamente com este último título que foi publicada a série no jornal "O Crime",já lá vão uns bons anos.
domingo, 23 de dezembro de 2018
O MESMO DESENHO - 3 PERSPECTIVAS
Aqui está uma vinheta a preto com falsos cinzentos, estes produzidos pela trama digital.
O mesmo desenho com outro tratamento, desta feita com sobreposição - os ditos layers - de fotografias, estas mesmo com tratamento digital.
Finalmente, o mesmo desenho com novo layer.
Como é bom desenhar e "brincar" com as ferramentas ao dispor nesta era digital!
sábado, 22 de dezembro de 2018
NOVOS CADERNOS DE TRANCOSO
Depois de ter sido posto à venda, em Dezembro do ano passado, o nº 1 dos Novos Cadernos de Trancoso - "Profecias e Trovas do Bandarra" - esta edição encontra-se esgotada desde Novembro deste ano, pelo que procedi a uma reimpressão ou 2ª edição, estando para brevemente chegar da gráfica, talvez ainda este ano, mais exemplares desse livro.
Para não perder a "embalagem", na mesma remessa da gráfica virão os exemplares da edição dos "Novos Cadernos de Trancoso", o nº 2, dedicada aos militares deste concelho que combateram neste conflito, tanto nos cenários da França como da África, bem como as explicações atinentes ao desenrolar da campanha, particularmente aos militares e às contingências vividas por estes, que ainda são duas centenas e meia de homens.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
BOAS FESTAS PARA TODOS
São estes os desejos do autor do blog para os não necessitados, os menos necessitados, os necessitados e todos aqueles que os podem ajudar.
domingo, 9 de dezembro de 2018
REGISTOS CRIMINAIS - OS CRIMES DE DIOGO ALVES
A imagem que abre este "post" não faz parte da edição original de BD, entretanto publicada em finais dos anos 90 no semanário "O Crime". A reprodução seguinte, essa sim, original, é uma imagem intercalar da meia prancha em outro formato (horizontal) que então utilizei para compor uma página inteira do jornal, composta assim de duas meias pranchas.
A este assunto já me referi neste blog, em outubro de 2013, tendo então recebido respeitáveis e pertinentes comentários neste blog, designadamente de dois amigos, o Jorge Magalhães (recentemente falecido) e do Geraldes Lino.
Por serem de grande elevação, critério e conselho, reproduzo então esse "diálogo" (em itálico) que mantivemos neste mesmo blog, na caixa de comentários - e, por isso, do domínio público e de leitura on-line, o que me permite reproduzi-los aqui -, bem demonstrativo do interesse que a BD representa para aqueles dois expoentes elevados nesta arte gráfica de comunicação e entretenimento.
25 de setembro de 2013
Já não me lembrava muito bem destas páginas, mas que a história é
violenta, lá isso é... E as cenas "picantes" condizem com o resto!.
Repito o que já disse aqui: em termos de realismo, num estilo nu e cru,
mas com expressivos contrastes de preto e branco, esta história de crimes, sexo
e sevícias agarra o leitor e merecia, sem dúvida, uma reedição.
Abraços do
Jorge Magalhães
25 de setembro de 2013
Pois é, Jorge, dei a resposta atrás ao Nuno, leio agora o seu
comentário que vem confirmar a opinião generalizada sobre o cariz duro e cru
daqueles episódios relativos ao Diogo Alves.
À medida que ia construindo o "folhetim", ia recebendo
algumas opiniões, próximas e distantes, umas vez que estava a ser publicado, e
eu na continuação do desenho, episódios adiante. Neste, talvez tivesse ido
longe demais...
Abraço
Santos Costa
28 de setembro de 2013
Não, não creio que tenha ido longe demais! Era preciso enveredar por um
tom ultra-realista, sem ter medo de ferir a sensibilidade dos leitores, para
retratar os crimes violentos perpetrados pelo Diogo Alves. Em vida, o facínora
não deve ter sido muito diferente da criatura brutal e sanguinária, sem
consciência, que você materializou nesta história. E o cenário nu e cru,
inclusive as próprias cenas de sexo, tornam o ambiente e a reconstituição da
época ainda mais verídicos, como se estivéssemos por dentro da história e não
apenas a ler um registo criminal ou um artigo biográfico.
Abraços,
Jorge Magalhães
30 de setembro de 2013
Caro Jorge
Depois de andar pela estratosfera dos assuntos particulares pendentes,
regresso à blogosfera, onde mais pendências há.
É certo que a BD foi executada para um jornal com o âmbito das notícias
de violência e crime, justamente exposto no título, pelo que, da minha parte,
não podia escamotear, nessa realidade factual e provada em autos corridos ao
tempo, a actuação violenta e as cenas de sexo (apenas são ficcionadas, mas
óbvias, aquelas entre a Parreirinha e o Diogo Alves, porque no processo se
determinou que eram amantes), com alguma crueza e brutalidade. Valeu-me, para
não chocar os leitores (julgo eu), o sangue correr pelas vinhetas, a preto.
Abraço
Santos Costa
7 de outubro de 2013
Realmente o realismo desta história, tanto na planificação do argumento
como no grafismo, é quase visceral, e calculo que não seria nada fácil, com
cenas tão violentas, transplantá-la para o cinema, embora me lembre de que
houve, nos alvores da nossa cinematografia, uns "Crimes de Diogo
Alves", realizados já não sei por quem.
Particularmente, acho a rudeza do traço e da caracterização de Santos
Costa, com sóbrios contrastes de branco e negro, e a fluidez e o ritmo da sua
narrativa, os melhores trunfos deste trabalho, que bem merecia ser publicado em
álbum.
Abraços do
Jorge Magalhães
7 de outubro de 2013
Jorge
Houve dois filmes: um, de 1909, que foi realizado por Linbo Ferreira (
mas não o acabou) e por João Freire Correia (que o concluiu); outro, de 1911,
dirigido por João Tavares.
Na prancha 1 reproduzi um fotograma do último dos filmes.
Estes trabalhos tinham de se apresentar, tanto quanto possível,
completos e sem delongas de permanência, o que indicava que não seria bom para
os leitores estarem semanas e semanas com a mesma "figura". Daí não
estar com grandes descrições e pormenores, embora tivesse material para o
fazer. Esta regra, que não me foi imposta, resultou numa dinâmica de tal ordem
que percorri o corredor criminal português. Um dia que me der de pachorra,
porei os títulos publicados.
Quanto à eventual publicação em álbum, o formato é do tipo italiano, o
que não daria muitas páginas, no máximo dois cadernos. Reduzindo para duas
tiras por página (com 3,4 ou 5 vinhetas), como estou agora a fazer com o José
do Telhado, o formato fica mais quadrado e o número de páginas aumenta, uma vez
que, encaixando as vinhetas a par, sem as amputar, há que aumentá-las de
tamanho ou colocar outras, intercalares, no seguimento da trama.
Um outro trabalho que gostaria de publicar em álbum é aquele que fiz
publicar, durante semanas, dedicado a Alves dos Reis, o falsário das notas de
500 escudos. Tive de desenhar os rostos de todos os envolvidos e, para o
efeito, consultei muita bibliografia sobre o caso.
Se soubesse que a BD tinha o mesmo êxito do meu livro de ficção de
"O Padre Costa", que já vai na 4ª edição e, só num dos postos de
venda, se conseguiu despachar 1.500 exemplares!... Ainda com a limitação, que
eu escolhi, de ser vendido a nível local, em apenas três estabelecimentos, sem
distribuição alguma, uma vez que não o submeti a editoras.
Um abraço
Santos Costa
Geraldes Lino 12 de outubro de 2013
Caro Santos Costa
Por que não propões isso ao Dr. Baptista Lopes?
Abraço,
P.S. - Desculpa, mas corrijo a tua gralha no nome do realizador Lino
Ferreira, que grafaste Linbo Ferreira...
12 de outubro de 2013 às 15:56
Estou a alterar alguns dos trabalhos que fiz para "O Crime".
Estou presentemente - alternando com o Magriço e outros de texto - com o
"José do Telhado", adaptando para aquele formato, mais propício a uma
leitura menos rectangular e horizontal.
"Os Crimes de Diogo Alves", "João Brandão", "O
Regicídio", "O Atentado a Salazar" e o "Alves dos
Reis", estão a seguir, não necessariamente por esta ordem.
Quanto ao Dr. Baptista Lopes, da Âncora (que não conheço pessoalmente),
poderá não estar interessado, uma vez que a editora tem elaborado parcerias com
instituições para os seus projectos editoriais.
Estes álbuns são feitos a preto e branco, pois foi assim que,
efectivamente, receberam publicação nas páginas do jornal.
Deste modo, a ideia está ainda no limbo (não linbo, a tal corruptela,
em forma de gralha, de Lino, como corrigiste - e bem), mas com perspectivas de
seguir adiante, embora ainda não saiba como.
Um grande abraço
Santos Costa
14 de outubro de 2013
A ideia de recuperar esta história, sobre aquele que deve ser o maior
criminoso português de todos os tempos, num novo formato e refazendo o
argumento, de modo a dar-lhe maior abrangência, ao mesmo tempo que as legendas
serão trabalhadas para lhes dar outro aspecto, parece-me uma óptima ideia,
amigo Santos Costa, e faço votos para que seja possível concretizá-la num
futuro próximo.
Também gostei particularmente, quando as li no "Crime", das
histórias da Giraldinha e do Alves dos Reis, embora esta seja mais do domínio
público.
Também iremos vê-las aqui no seu blogue?
Um abraço,
Jorge Magalhães
15 de outubro de 2013
Caro Jorge
Quando fiz o Diogo Alves, não conhecia o livro de Leite Bastos, que
romanceou sobre aquele biltre. Adquiri-o, há meio ano, através da Esfera do
Caos. Tem lá alguns pormenores - principalmente os relativos ao julgamento -
que não encontrei noutra bibliografia, designadamente a de Sousa Costa.
Isto leva-me à "maior abrangência", até porque há situações
que devem ser mais trabalhadas e ficcionadas, sem fugir aos factos
histórico-criminais.
A Giraldinha tem situações caricatas, mas pouco se encontra escrito
sobre ela. Limitei-me a trabalhar sobre os retalhos que fui encontrando,
designadamente os de Artur Varatojo, homem que se dedicou de alma e coração ao
policiário.
O autor de uma peça de teatro sobre esta ladra lisboeta (João Osório de
Castro, 1926-2007) contactou, na altura da publicação, o director do jornal
(José Leite) para obter mais informações sobre a figura, e este pediu-me esses
elementos, o que eu fiz, enviando-lhe a bibliografia que consultei. Sei que
esse trabalho do eminente dramaturgo e fundador da Casa da Comédia, se encontra
publicado pela Elo.
Relativamente à publicação no blogue, apenas uma pequena parte será
publicada e essa consistirá na transposição digitalizada, na íntegra, de mais
dois ou três "casos". A Giraldinha será um deles.
Ao fim e ao cabo, ao todo, são exactamente 646 pranchas (aproveito para
rectificar o número das sete centenas, que arredondei, por cálculo), entre
casos muito e pouco conhecidos. A lista completa das publicações trarei, em
breve, a este blogue,, indicando os títulos e o número de pranchas de cada um.
Um abraço
Santos Costa
sábado, 8 de dezembro de 2018
REGISTOS CRIMINAIS - O ESTRIPADOR
Neste trabalho, fui tomando os apontamentos da Lisboa à época, não esquecendo até a publicidade nas paredes; no caso com uma grande figura da televisão, que eu admirei.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
O DIABO A QUATRO
Com a figura do Diabo criei uma série de cartunes (cartoons) onde metia políticos e outros "íticos", em três vinhetas sob o genérico "O Diabo a Quatro". Por vezes, dava-me para colocar a dita figura em situações semelhantes às dos comuns dos mortais.
O Diabo era uma figura pouco diabólica, como diabo de opereta, pouco convincente na sua "arte", por vezes piegas e outras vezes crítico dos costumes.
O Diabo era uma figura pouco diabólica, como diabo de opereta, pouco convincente na sua "arte", por vezes piegas e outras vezes crítico dos costumes.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
IN MEMORIAM - JORGE MAGALHÃES
Faleceu o Jorge Magalhães, de 80 anos de idade, editor,
coordenador, tradutor e argumentista.
No meu caminho de ainda jovem autor de BD encontrei
o Jorge Magalhães. Era ele coordenador do Mundo
de Aventuras e eu porventura um provinciano que foi trabalhar para Lisboa,
na altura como funcionário da Direcção Geral das Contribuições e Impostos, na
Rua da Alfândega. Levava-lhe uns desenhos gatafunhados a tinta da china, feitos
com aparos de canetas, em papel “cavalinho”.
Tinha o Jorge aberto um espaço na revista aos
jovens desenhadores de BD portugueses e eu fui tentar a sorte. Presumi que
seria recebido – se é que o fosse – por algum editor com cara de pau,
majestático, apressado, que me olhasse de alto a baixo para me rachar, nesse
mesmo sentido, as ilusões. Não. Apareceu-me um ainda novo Jorge Magalhães, bem
parecido, bom conversador, decidido, conhecendo o meio da arte por dentro e por
fora, aqui e em além mar em África e em todo o estrangeiro. Atencioso, comparsa,
sempre com uma resposta sábia, logo à primeira vista com a aura de pessoa em
quem podemos confiar. Quando lá aparecia, entrando pela porta da ruela da
Saraiva de Carvalho (onde pairava no ar um cheirinho a café torrado), ele
estava sempre disposto a dar dois dedos de conversa, a mostrar-me originais, a
falar de publicações futuras. Um sonhador, um idealista arguto que
concretizava. No entanto, sempre me pareceu um homem do nosso tempo, tanto do
séc. XX como do XXI, atento às mutações tecnológicas e editoriais. Certa vez,
em conversa telefónica, quando eu lhe disse que fazia falta um Mundo de Aventuras, ele esclareceu: “Nos
dias que correm, já não há no mercado lugar para uma revista do seu género”.
Falou-me do encontro dos desenhadores,
argumentistas, editores e amantes da BD que tinha lugar, às quintas-feiras à
noite, no Parque Mayer, mais propriamente no restaurante que ficava ao cimo, da
Gina e do Júlio, o Júlio das Miombas, que felizmente ainda resiste. E foi lá
que nos encontrávamos, um grupo heterogéneo, aberto, falando com conhecimento e
atenção às novidades até se esgotar a corda da conversa. Eu e o Jorge até
jantávamos lá. Depois, quando se chegava a hora para ele apanhar o comboio no
Rossio, descíamos os dois a Avenida da Liberdade, não sem o Jorge parar nos
“alfarrabistas” de rua, onde ia deitando os olhos ao que ali se vendia, sempre
com espírito conhecedor.
Saí de Lisboa, continuou ele a aceitar os meus
trabalhos, sendo que um deles saiu no penúltimo número da revista.
Mais tarde, quando a Maria José, sua filha, com a
mesma simpatia e grandeza de alma do pai, decidiu arrojar a publicação de uma
BD minha com a chancela da ASA, foi o Jorge que fez a apresentação do
desconhecido autor e do livro na Livraria Buchholz.
Encontrámo-nos umas duas ou três vezes mais, mas
trocávamos comentários nos respectivos blogs e através de e-mail, sempre
recebendo da parte dele os melhores conselhos e alguns elogios que, emboras
sinceros da sua parte, eu nem sequer merecia.
O Jorge Magalhães foi – e é, porque a sua obra como
autor e editor, perdurará – um Homem de grande entrega, amigo do seu amigo,
sensato, activo (mesmo quando a doença o impedia), conselheiro, experiente
apreciador e justo na sua forma de ser. Autêntico, dizia o que tinha a dizer e
até criticava, fazendo-o com uma elevação de tal maneira simpática, que não
feria e tornava os seus elogios com a credibilidade máxima. Lembro-me que um
dia, com aquele sorriso de simpatia que o caracterizava, me disse: -“ Ó
Fernando (tratava-me pelo primeiro nome), você escreve muito melhor do que
desenha”. E tinha razão.
Numa entrevista que me fez para publicar uma BD da
minha autoria na revista Mundo de
Aventuras, deixou como subtítulo, referindo-se a mim, “Um Exemplo de
Persistência”. Nunca esqueci este elogio, porque também tinha razão.
Para além de exímio tradutor, trabalhou como
argumentista de muitos desenhadores e deixou a sua marca. O Jorge tinha uma
imaginação fértil, em todos os campos da literatura (soube mais tarde que
também era um excelente poeta), dominava os conhecimentos da História, replicava
os costumes dos quatro cantos da Terra; nos seus argumentos, tanto se entrava
num deserto com as suas personagens, como as levava até às planícies geladas
dos polos, como as fazia contracenar nas pradarias americanas ou nos bosques
africanos; dos seus textos saíam aventuras que prendem os leitores pela sua
consistência e trepidante narrativa. Não encontro outro que se iguale.
Uma outra faceta, que mais tarde vim a conhecer, é
ter o Jorge especial carinho pelos animais. Compartilhava-o com a companheira,
Catherine Labey, sendo esta uma alma cândida e autora companheira da Banda
Desenhada. Esta bonomia e dedicação, mais se timbra no facto de tanto eles como
eu gostarmos especialmente de gatos e, neste campo, termos até trocado alguma
correspondência dolorosa com os animais que se finaram pela mesma lei da vida.
Foi através do Luiz Beira (outro companheiro das
tertúlias) que fiquei a saber que o Jorge estava internado, em estado já grave,
no Hospital de Cascais. E foi também o Luiz, com voz embargada, que me deu a
notícia do seu falecimento. Vieram-me as lágrimas aos olhos. Foi mais uma
referência que se perde na lei da morte, embora fique uma estrela que brilha e
brilhará no firmamento da Banda Desenhada, um conhecedor, aquele que
impulsionou, descobriu e deu a conhecer alguns dos melhores talentos
portugueses. E que deixou vasta obra própria, para além da que editou com
sapiência e oportunidade.
À companheira Catherine, à filha Maria José
Pereira, ao seu genro, e aos dois netos Ricardo e João, deixo o meu pesar, por
esta expressa forma de gratidão por aquilo que o Jorge Magalhães fez por mim,
por nós, pela arte da escrita e do desenho em Portugal.
Estou-lhe grato, Jorge Arnaldo Sacadura Cabral de
Magalhães. Mesmo tendo entrado nos umbrais da noite eterna, que todos havemos
de passar, não o esquecerei como Homem, como Editor, como Amigo, bem como a
delicada humanidade que o caracterizou, do talento e do companheirismo que
nunca claudicaram da sua parte.
Obrigado, Amigo, para sempre.
domingo, 2 de dezembro de 2018
FALECEU O JORGE MAGALHÃES
Um Amigo
O Meu Primeiro Editor
A quem devo eternamente a entrada na BD
Foi ontem, dia 1 de Dezembro.
Por agora, não tenho mais palavras, a não ser apresentar os
meus sentidos pêsames à Catherine Labey, sua companheira, e à Maria
José Magalhães Pereira,sua filha.
E que o meu Amigo JORGE descanse em paz.
(Foto de Catherine Labey)
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