quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A CORES OU A P/B?


A propósito do penúltimo post - "O Atentado a Salazar" - interrogava se a BD em execução (adaptação) estaria melhor a p/b, como foi publicado no roginal, ou a cores. Sobre as duas primeiras vinhetas, apliquei "à pressa" uns toques de photoshop. Não sei se valerá a pena...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

UM DIA TRISTE





Faleceu hoje a Dra. Maria Emília Tracana. Com ela faleceu uma grande fatia da cultura portuguesa e da animação sociocultural.
Não tenho mais palavras, senão aquelas que deviam ser ditas nestas circunstâncias, mas que não sei proferir.
Vitimada por doença incurável, com ela foi o que encontrei de mais puro e mais profundo na dedicação a uma causa, a uma escola, à cultura e a uma região.
Ela dedicou-se à Escola Profissional e aos seus alunos; fê-lo a tempo inteiro com uma tal dedicação como não encontro paralelo. Ela dedicou-se ao traje e confeccionou (ela própria e segundo o seu desenho) trajes desde o séc. XII ao séc. XVII (mais de 250 peças), de todos os estratos sociais; teatro; música; pintura; banda desenhada; culinária; produtos regionais (Feira da Castanha e Feira das Tradições); coleccionismo; jornalismo; etnografia; olaria; escultura; exposições (a dos 100 anos da República, que levou a várias cidades); actividade cívina na direcção da Confraria das sartdinhas Doces; actividade municipal, como deputada da Assembleia Municipal de Trancoso; cinema (porque participou num filme);  jogos tradicionais… Tudo que fosse arte, animação, alegria, empenho, ela estava lá.
Há 15 dias atrás, impossibilitada de sair do leito, falou-me de um sonho, um seu projecto que não tivera oportunidade de concretizar: escrever um livro sobre os 20 anos de animação sociocultural. Prometi-lhe que a ajudava. Trabalhei dia e noite, juntando milhares de recortes de imprensa, fotografias, inúmeros artigos seus publicados em jornais e revistas. Consultei-a; minha filha recolheu oralmente impressões suas e passou-as a escrito. Procurei ajuda na Escola Profissional. Lutei contra o tempo, imaginando que a Dra. Emília teria oportunidade de ver o seu livro publicado; porque é o seu livro, do seu trabalho, do que ela deixou escrito e que eu, contando com as suas indicações preciosas, levaria até ao prelo (levaria, não – levarei. Estou decidido a fazê-lo).
Perdi a corrida, porque a doença da Dra. Emília foi mais rápida.
Não tenho mais palavras. Só digo que mantenho a promessa de publicar o livro dela, porque a sua acção, a sua actividade, o seu dinamismo, a sua entrega aos outros – mais do que a si própria – , as centenas de alunos que ela acompanhou, designadamente nas Provas de Aptidão Profissional, nos eventos que ela iniciou em várias cidades e concelhos e que continuam como marcas indeléveis do seu talento, impõem essa vontade.
Assim, coloco aqui uma fotografia dela e duas outras, daquele evento (um  de muitos) que hoje continuam e que ela tão bem conseguiu recriar , ano a ano – As Bodas Reais de D. Dinis e D. Isabel de Aragão; uma outra, a mais recente participação dela e dos seus alunos e colegas professores no programa da RTP1, Praça da Alegria.
À Dra. Emília, parceira na cultura, a saudade que é a sua ausência, a sua Amizade desinteressada e empenhada.
Para sempre.


sábado, 20 de outubro de 2012

O ATENTADO A SALAZAR


Há uns anos atrás, publiquei semanalmente no jornal semanário "O Crime" uma página de BD, sendo as séries constituídas por episódios verídicos no âmbito do crime e dos acontecimentos paralelos ligados ao mesmo, como o regicídio, a execução dos Távoras e o atentado que foi preparado, sem êxito, a Salazar.
Toda a série foi preparada em pranchas semanais de 4 vinhetas, com tiras semelhantes às que os diários publicavam diariamente. Como o formato do jornal era semelhante a uma publicação em A3, as quatro vinhetas liam-se/viam-se bem; o mesmo não acontece quando reduzidas para A4.
Como pretendo ampliar esta série de "O Atentado a Salazar", decidi que a publicação futura será feita num formato que permita a publicação de 3 tiras por página, o que fará com que, na futura publicação em álbum, este detenha as medidas de 20x20 ou 22x22 (formato quadrado), que se arruma facilmente nas estantes. Já o mesmo não diria se pretendesse o formato italiano, que faria publicar, por página, duas tiras.
Ainda não decidi se devo publicar a preto e branco ou com a aplicação de cor através de um "pantone" mais adequado ao tema.
Para os menos acostumados a esta linguagem da BD, tira é o conjunto de vinhetas seguidas (na imagem acima, a primeira tira - onde está a camioneta - tem duas vinhetas, enquanto a tira de baixo tem 3).


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

CRENDICES E SUPERSTIÇÕES - ANIMAIS


Tenho vindo a prometer para aqueles que mais se interessam por este ramo da etnografia, a publicação regular de algumas crendices e superstições, uma vez que tenho um livro publicado com um naipe de assuntos desse teor, devidamente arrumados por ordem alfabética.
Chegou agora a oportunidade de deixar aqui algumas (as primeiras) do capítulo ANIMAIS, pois estes tinham na sabedoria e no medo do povo, uma especial atenção.
- Os lagartos são amigos dos homens e as cobras das mulheres.
 
- Quando se deita penso ao gado, o dono não deve permanecer a presenciar o repasto do animal.
- A coruja bebe o azeite das lâmpadas das igrejas.
- Matar um gato preto, acarreta sete anos de azar.
- Não se devem destruir as teias de aranha, por se acreditar que foi uma daquelas teias que ocultou o Menino Jesus aos soldados de Herodes.
- Não se devem matar os aranhiços pequenos, porque são prenúncio de dinheiro.
- Quando um cão uiva é sinal de morte próxima.
- Quando alguém encontra uma cobra a acasalar com um cobrão, deve atirar-lhes um lenço, pois assim não deixará de ter sorte na vida.
- Quando se ouve uma rã cantar, é sinal de bom tempo.
- Matar uma rã causa dor de cabeça. Dizem que s rãs vão diariamente ao Céu para lavarem os pés de Nosso Senhor.
 
- Uma caveira de burro espetada num pau e colocada junto a um campo de sementeira, espanta o mau olhado.
- Uma porca que ande a fazer criação deve trazer ao pescoço fitinhas vermelhas, para se evitar o mau olhado.
- Para não se perderem os porcos que se deitam fora do chiqueiro, mede-se-lhes a cauda com um pau e guarda-se este por baixo da pia.
- Quando se lança o sangue do porco para a panela, a fim de cozer, deve-se proceder como se estivesse a chamar o porco, a fim de fazer crescer a cozedura.
- Não se devem matar as andorinhas, que são as pitinhas de Nossa Senhora.
- Não se deve ter na capoeira pita “galena”, isto é, que cante de galo.
- As cobras vão ter à cama com as mães dos recém-nascidos e metem a ponta do rabo na boca dos petizes enquanto sugam o leite das mães.
- Se alguém tentar matar um sapo e este não fique bem morto, é certo que o bicho vai de noite ter à cama de quem lhe fez o mal.
- Quando se observa um sapo, diz-se que nascem sapinhos na boca. Para o evitar, deve-se cuspir três vezes de cada vez que se pronuncie o seu nome.
- O sapo é considerado o ajudante das bruxas.
- Quando alguém é mordido por um lacrau, ficará sem dores se utilizar na ferida sangue de mulher menstruada.
- Quem tentar matar uma aranha, esta vai de noite ter com essa pessoa à cama.
- Não se devem matar as rãs, que vão lavar diariamente os pés de Nossa Senhor; quem o fizer, ficará com dores de cabeça 
- Para tirar uma cobra que entre na boca de alguém, basta colocar-lhe aos pés uma bacia com leite.
- Quando os animais “aguam”, o dono deve roubar uma folha de couve de sete hortas sem os proprietários saberem.
- Noutra versão, para curar o augamento devem ser roubadas couves em nove hortas.
- Quando a coruja “canta” sobre o telhado das habitações, é sinal de morte próxima.
- Conta-se que a poupa era mulher do cuco, mas que ela andava amancebada com o mocho. O cuco, enciumado, foi bater no cu do mocho e este, enquanto apanhava, ia dizendo – ui, ui!. O cuco, a cada pancada, dizia – no cu, no cu! A poupa, pelo seu lado, apelava – poucas, poucas! Assim é o canto deles.
- É mau sinal para uma pessoa ouvir cantar o cuco enquanto está em jejum.
- Quando algum animal (vitela ou vaca) tiver infecção, dá-se-lhe água de linhaça e grão de linho cozido.
- As “névoas” (feridas nos olhos) das vacas curam-se com mel, aplicando-se este directamente nos olhos infectados do animal.
- As mulheres menstruadas não se devem aproximar dos furões, porque eles morrem. Estes bichos não devem ser tratados por mulheres.
- O bafo das vacas é santo, porque Nosso Senhor nasceu junto de um daqueles animais, o qual O aqueceu.
- Quando se arranca um cabelo pela raiz e se deixa mergulhado durante muito tempo em água, engrossa e transforma-se em cobra.
- Quando se passa por um sítio onde um burro se espolinhou no chão, deve-se cuspir nesse sítio três vezes para não nascerem “trilhaduras” nas plantas dos pés.
- Quem vir uma centopeia e quiser matá-la, para que ela não fuja deve dizer: São Bento te tolha.
- Quando se vê um sapo, deve-se cuspir três vezes, pois ele é venenoso  ; igualmente, quando se pronuncia a palavra sapo, deve-se fazer a mesma operação, para evitar que nasçam “sapinhos na boca”.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PESSOA & COMPANHIA

 
É já amanhã, em Lisboa, que se inaugura a exposição de Banda desenhada dedicada ao poeta da "Mensagem", com a apresentação da Novela Gráfica "PESSOA & CIA", da autoria de Laura Pérez Vernetti, na casa Fernando Pessoa.
A autora, natural de Barcelona, encontrou na figura e na obra de Pessoa um pretexto para esta sua novela gráfica, editada pela ASA. É também pertinente este trabalho porque traz ao público uma visão daquele que, para mim, juntamente com Camões, é um dos maiores poetas portugueses.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CINZAS DA REVOLTA

 Da autoria de Miguel Peres (argumento) e de João Amaral (desenho), vai ser editada a obra "CINZAS DA REVOLTA", uma oportuna e corajosa abordagem a um tema que tem sido (quase) tabu nas letras e artes portuguesas, que é a Guerra Colonial.
A inauguração da exposição está implícita e explícita no convite acima reproduzido. Pela minha parte, chamo a atenção para este magnífico trabalho, em que prepondera, para além do argumento de um jovem escritor, o grafismo e a arte de João Amaral, um amigo que partilha a sua banda desenhada no seu blogue, cujo link está na caixa de referências ao lado e que tem publicado obras de referência, distintas pela sua perfeição artística nos domínios da Banda Desenhada.
É uma obra a não perder e eu, com certeza, também não a perderei.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O PRAZER DE ESCREVER; O PRAZER DE LER


Em 1991 publiquei alguns artigos na conceituada revista "HISTÓRIA", então dirigida pelo Dr. Luís Almeida Martins. Um desses trabalhos mereceu tema de capa (acima, na imagem) e  25 páginas no miolo. A peça escrita era dedicada a Bandarra (o patrono moral deste blogue), com um subtítulo que afirmava "o sapateiro que foi além da chinela".

Há quatro dias atrás, sentado à mesa do café com o amigo Dr. Cristino Cortes, professor de Economia, escritor, poeta e crítico literário, falavávamos dos projectos no âmbito da literatura, quer de um quer do outro, quando veio à conversa o facto de eu ser "eclético" nos temas e nas artes que abordo, sem querer preponderar uma determinada arte em relação a outra e, dentro de cada uma, servir vários géneros, escolas e tendências.
A perplexidade salta quando se sabe que eu tanto escrevia contos para a revista "Maria", como publicava Banda Desenhada ou "cartoons" no semanário "O Diabo", publicava peças de âmbito etnográfico na revista "Notícias Magazine" e em " O Independente" , publicava monografias e biografias ou editava álbuns de desenhos de cariz histórico.
Nunca me envergonhei do que fiz, pelo que fiz e como o executei, ao contrário de muitos intelectualóides que, nas esquinas dos cafés ou nas terttúlias dos da mesma laia, abominam em público aquilo que apreciam, às escondidas, em casa.
É certo que nunca fui licenciado e menos doutorado e jamais me passou pelo bestunto usar como créditos estas e outras minhas factualidades. Sou como sou, faço o que sei fazer e o que dá na gana.
É assim que eu entendo a liberdade criativa.