De vez em quando vou abrindo as caixas que tenho em arquivo, umas com textos, outras com desenhos diversos, à procura de trabalhos que já não me lembro de ter realizado. É um exercício de memória, alguma nostalgia de anos passados e o arejar do papel, que também é necessário.
Foi assim que deparei com estas quatro pranchas - três coloridas e uma só com o lápis - de uma BD que está datada de 1980 (35 anos), naturalmente sem fim e sem que me tenha ficado na memória a trama, os diálogos ou sequer a sequência das cenas que ficaram desenhadas; isto porque não deixei apontamentos ou sinopse.
Algumas coisas ficaram na memória: uma delas é que toda a trama se desenvolvia em África, numa região de grande turbulência militar; a outra é que a obra não era para publicar.
Nessa altura estava disposto a fazer o trabalho para um exemplar único, que deixaria como se fosse um quadro irrepetível, tanto mais que as técnicas e os materiais utilizados eram incipientes. Desenhei a lápis directamente nas folhas, colori por cima do lápis e passei finalmente a tinta da china com canetas de aparo, tudo isto em papel muito bom, A3 dobrado ao meio, de forma a fazer cadernos que mais facilmente se encadernariam. As pranchas previstas para um livro de grande formato eram desenhadas, assim, na frente e verso da mesma folha.
Cheguei à página 4 e parei; esta ficou a lápis e a última vinheta não chegou a nascer. Alguma tarefa se meteu de permeio e larguei o assunto.