sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O ATENTADO A SALAZAR
Estou a reformular uma BD publicada há uns anos no semanário "O CRIME" e também reproduzida num álbum "Registos Criminais", com o título de "ATENTADO A SALAZAR", que conta a forma como foi perpretado esse golpe. Dado que a coisa ainda vai demorar, aqui seguem duas pranchas dessa obra, que deverá contar com cerca de 80.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
SE O MEU CARRO FALASSE...
Com este título genérico, pretendi narrar a História dos Automóveis em banda desenhada. Cheguei mesmo a propor o tema a uma revista de automóveis antigos, a qual se mostrou interessada, mas não concretizando a ideia por achar muito caro para a revista.
Com algumas modificações (principalmente ao nível do enquadramento), aqui vai a história de um Fiat Topolino, em duas pranchas.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
BRUXAS E FEITICEIRAS
Patuscas criaturas, temidas e mal encaradas, velhas de nariz um tanto adunco, queixo espetado com pelos e corcova, espremidas de carnes e voz cavernosa; dançam com o Diabo, reúnem-se nas encruzilhadas, deitam maus-olhados e chupam o sangue às criancinhas. Assim se vêem as bruxas e feiticeiras. Entre estas, ainda as benzedeiras, que servem para tratar o mau-olhado, talham os “ares”, endireitam espinhelas caídas, cortam sarampos e zagres, varrem malefícios e invejas. Estas últimas, que também são chamadas “corpo-aberto” e “santinhas”, têm como utensílios tesouras e facas (para talhar os ares), águas bentas, ramos de alecrim e azeite puro de oliva.
Apesar de a Inquisição ter dado grande baixa na actividade das bruxas, o certo é que, toleradas mais tarde, continuam a viver numa quase clandestinidade. Para se conhecerem, segundo o povo, e caso alguma entre em casa de alguém, a pessoa que morar lá deverá esconder uma vassoura atrás da porta, virada ao contrário. A bruxa, assim, não conseguirá sair.
- Se num casal nascem sete rapazes, o último será lobisomem; se sete raparigas, a última será bruxa.
- A criança que chorar três vezes no ventre da mãe ficará fadada com poderes sobrenaturais e poderá ser adivinho, benzilhão ou bruxa.
- Quando alguém, tido com poderes de bruxaria, estiver para morrer, só finará quando lhe entregarem uma peneira; a pessoa que faz a entrega da peneira ficará com os poderes de bruxaria.
- Nas encruzilhadas, os cruzeiros e as cruzes afugentam os demónios, as bruxas e as assombrações.
- Quando se passa por alguém que se julgue com poderes de bruxaria, devem cruzar-se os dedos indicador e médio (figa) .
- Se chove e faz sol ao mesmo tempo é sinal de que as bruxas estão a pentear-se.
- Quando o lume da lareira começa a dar estalidos, é porque estão as bruxas a mijar nele.
- É crença vulgar que as bruxas andam vestidas de branco.
- A criança que tem gravada no céu da boca uma cruz da forma dos “pintos”, será bruxa ou bento.
- As bruxas berram nos telhados como os gatos. Mal pressentem os bebés, correm para eles para os chuparem. Quando assim é, deve-se deitar para o telhado umas pedrinhas de sal, para que elas fiquem entretidas a apanhá-lo. Esta crença surge por julgar-se que aquelas criaturas são obrigadas a contar todos os grãos antes de poderem produzir qualquer malefício.
- Quando alguém passa descalço por um sítio onde um burro se tenha espojado, deve cuspir para que as bruxas não o incomodem.
- Depois da meia-noite é perigoso passar por um cruzamento: é lugar de encontro de bruxas e lobisomens.
- As bruxas encontram-se nas encruzilhadas nos dias de S. João e de S. Tomás, nas vésperas de Natal, nas sextas-feiras e sábados.
- As bruxas retiram durante a noite os bebés dos leitos e jogam com eles nas encruzilhadas; pela manhã, colocam os meninos nos berços, sem que as mães dêem conta.
- Para que as bruxas e feiticeiras não entrem em casa e na família, faz-se o seguinte: uma mistura de aipos, aniz, pão de trigo ralado e três pedrinhas de sal, tudo metido numa bolsinha que se prende atrás da porta da entrada.
- As bruxas andam nas encruzilhadas e ao pé dos rios e correm as aldeias com luzes na mão.
- Para fazer fugir uma bruxa, cruzam-se os dedos de uma das mãos e diz-se:
Tu és ferro
Eu sou aço,
Tu és o Diabo,
E eu te embaço.
- Para afugentar as bruxas e feiticeiras, apanha-se um pouco de ruda, alecrim, arruda e terra do cemitério, misturando tudo num caco ou numa panela. Com estes ingredientes deita-se-lhe o fogo e faz-se um defumadouro, que se colocará numa encruzilhada.
- A mesma receita anterior poderá ter como destino a ribeira. Porém, quem executar este trabalho deverá deitar o caco para trás do ombro e não olhar para trás, para o Diabo não vir tentar, enquanto reza um Padre Nosso e uma Avé Maria.
- Se uma bruxa estiver na igreja e se se deixar o missal aberto ou se deitar na pia da água benta uma moeda com uma cruz, ela não pode sair de lá.
- Acredita-se que as bruxas quando deixam os maridos na cama, a dormir, para irem dançar nas eiras e encruzilhadas, responsam-nos assim:
Eu te benzo meu Belzebu
Com a fralda do meu cu,
Enquanto eu não vier,
Não acordes tu.
- Para que acabe o feitiço que as bruxas lançam às crianças, que as impede de mamar, fazem-se defumadouros com certas ervas do campo, a que se mistura água benta, sendo então passadas pelo fumo. A cinza restante, coloca--se num caco, numa encruzilhada.
- Uma bruxa não pode morrer sem entregar os novelos do seu fadário. Daí o ser perigoso pegar nas mãos das ditas quando estão para morrer.
- As bruxas dançam à roda, nuas, dão grandes gargalhadas e tocam pandeireta.
- As bruxas costumam entrar pelas fechaduras das portas e bebem o vinho das adegas.
- As bruxas costumam montar em burras, com as costas viradas para a cabeça do animal.
- Se uma bruxa entrar na casa de uma pessoa e esta quiser ter a certeza de que ela o é, esconde uma vassoura atrás da porta, virada ao contrário, ou deita um banco de pernas para o ar. A bruxa não consegue sair.
superstições
Trata-se de um dos assuntos com mais riqueza etnográfica, de tal sorte se encontra pleno o registo dos medos, das rezas e responsos, dos maus olhados, das bruxas e lobisomens. Manietados pela tradição que os privou de um raciocínio mais material e menos metafísico. A voz da razão, nestas ocasiões, fica tão muda como uma rabeca escavacada.
Como exemplo, assim seguem apenas uma superstição de cada espécie:
Alimentos- em cima da mesa onde se come o pão não se coloca dinheiro, porque traz pobreza à casa;
Animais- uma porca que ande a fazer criação deve trazer ao pescoço fitinhas vermelhas, para se evitar o mau olhado;
Bruxas- quando o lume da lareira começa a dar estalidos, é porque estão as bruxas a mijar nele;
Casamento- uma jovem não deve experimentar o vestido de noiva de outra rapariga, para evitar perder casamento;
Crianças- o primeiro corte de unhas de um recém-nascido deve ser feito pela madrinha, a fim de evitar que venha a ser ladra;
Deus- não se deve cuspir no lume, porque constitui uma afronta a Deus;
Diabo- a arruda, o aipo e o alecrim são bons contra o Diabo.
Gravidez- as grávidas não devem pegar em gatos, porque as crianças nascerão com asma;
Morte- não deve ficar um número de par de velas acesas num velório, pois será prenúncio de outra morte.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
PADRE COSTA DE TRANCOSO - 3ª EDIÇÃO
Acaba de sair para as bancas - mas só em Trancoso -a 3ª edição do livro "O Padre Costa de Trancoso", de que sou autor. Tal como as edições anteriores, o preço de capa é de 9 euros.
Fora dos grandes circuitos comerciais, modestamente circunscrita a venda à terra do frutuoso prior, este livro traz a lume a figura lendária do pároco do séc . XV, que teve o ensejo de fazer gerar no ventre de 53 mulheres, qualquer coisa como 299 filhos.
O livro encontra-se â venda:
No Quiosque-Papelaria A GIL
Na Papelaria Trancosense
No Posto de Turismo.
Dentro em breve - e se não faltar - trarei aqui algumas passagens da obra.
Uma leitura que deixo ao critério de cada um. E bom proveito.
sábado, 24 de abril de 2010
O SETE
Temos de admitir que existe um número que assume declaradamente as suas funções cabalísticas, no exercício que suplanta as suas capacidades aritméticas. É o sete.
É evidente que o número sete nos empolga. Mas também é evidente que nos assusta e nos retrai. E que tudo isto se consuma no silêncio do número atravessado a meio da perna por um hífen e se desenvolve, simultaneamente, num círculo vicioso e numa série de ambiguidades.
Apesar de ser um número primo, não assumo com ele parentesco, nem com o que se lhe segue, que é o 11. Mas tenho de admitir que 7 são as cores do arco-íris e 7 são os dias da semana que se repetem desde o dia em que nasci.
Vejamos as coincidências, todas elas com registo nos livros sagrados:7 anos serviu Jacob a Labão por mor de conseguir a mão de Lia; José, na corte do Faraó, sonhou com 7 vacas magras e 7 vacas gordas (sonho que parece ter também atormentado Guterres e Cavaco); 7 foram as palavras que Jesus pronunciou na cruz, assim como 7 foi o número de quedas a caminho do Gólgota; Deus criou o mundo em seis dias e descansou ao 7º; ainda 7 era o número dos tubos das flautas de Pã e outro tanto o número das cordas da lira tocada pelo deus Apolo. 7 foi o número de casais que Noé escolheu para a arca, sem constar que desses algum fosse “gay”.
Outro tanto, as que respeitam às superstições: 7 é o número de fôlego dos gatos e também 7 é o número de anos de atraso para quem os mata; 7 é o número das chaves que devem guardar os segredos e são tantos como 7 o número de andares do Céu e outros tantos os do Inferno, na crença muçulmana; a Hidra tinha 7 cabeças;7 é igualmente o número de anos que se supõe perdoar a quem rouba ladrão e porventura 7 sejam as ausências de castigo, em tribunal, a quem sequentemente roube.
Ora, 7 são também as obras de misericórdia, assim como 7 são as maravilhas do mundo e, à moda da lusa pátria, as 7 maravilhas naturais de Portugal. São 7 os pecados capitais, mas igual número é o das virtudes humanas e 7 as virtudes cardinais. 7 são os sacramentos, sendo que o sétimo, o matrimónio, anda muito mal tratado. Ainda sob 7 palmos de terra ficam os humanos sepultados, antes, durante ou depois de terem completado, no catálogo de Shakespeare, as 7 idades do Homem. O candelabro judaico tem 7 braços, são 7 as trombetas do Apocalipse, há os 7 castiçais de ouro e as notas musicais são 7 – digam lá: dó, ré, mi ….
Na reliogiosidade cristã, 7 são as Chagas de Cristo, o mesmo número de horas de agonia e 7 as dores de Nossa Senhora e 7 são os dons do Espírito Santo.
Perguntando-se, até, quantas são as colinas de Roma e quantas as de Lisboa, a resposta é idêntica – 7. Plasticamente, assim rodeadas as capitais de dois impérios ( do Romano e do Quinto Império), esta irmandade “colinária” mantém o mito do número, identificando, uma por uma: em Roma, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino, Celio, Aventino e Palatino; em Lisboa, com os santos da terra, S. Jorge, S. Vicente, Santa Ana (não confundir com Santana, que é mais um precipício), Santo André, Chagas, Santa Catarina e S. Roque.
O Carnaval ocorre sempre 7 domingos antes do domingo de Páscoa e 7 eram os sábios da Grécia. 7 anos demorou a construir o templo de Salomão, mas quantos 7 anos multiplicados por outro dígito não tem demorado a construir o Hospital da Guarda?
Na tradição popular infantil, 7 eram os anões que brindaram e recolheram a Branca de Neve, sem esquecer que há um gigante que tem botas de 7 léguas.
Os portugueses navegaram por 7 mares (ora cantados pelo grupo 7ª Legião) para encontrarem as 7 partidas do mundo, no tempo em que os mesmos portugueses, sem número de contribuinte e sem cartão de cidadão, graças à sua virtuosidade e habilidade, eram considerados os homens dos 7 instrumentos. No Brasil, que “descobriram” e que Pero Vaz de Caminha noticiou em 7 folhas, deram o nome de 7 Lagoas ao que é hoje um município do estado de Minas Gerais e é dali a planta medicinal que se chama 7 Sangrias. Nos Açores, irmã em número, a Lagoa das Sete Cidades.
Politicamente falando, Alberto João Jardim apresentou 7 ideias para salvar o PSD nas “Palavras Assinadas”, as quais foram debitadas para salvar o partido.
Pior para o número – e para nós - 7 são os flagelos das nossas carteiras: IVA; IRS; IRC; IMT; IMI; Selo; ISV.
Para que se não diga que o Sete queda na simplicidade deste dígito, miremos os seus múltiplos, como disso é o 21 (7 vezes 3) que nos conduz ao número de projectos que Sócrates assinou como engenheiro na Guarda, em concomitância com a exclusividade de deputado da AR. E 7 terão sido as advertências sobre possíveis sanções disciplinares pela falta de qualidade dos ditos projectos e falta de acompanhamento das obras.
Enfim, deste primeiro ministro também há quem diga (como eu) que pinta o 7 e, para remedar o patrono desta coluna (Gonçalo Anes Bandarra), diria que 7 seria o número ideal de meses para ele continuar a sê-lo. Não porque ele próprio não queira. Ele quer. Mas para que nós não queiramos.
Temos de admitir que existe um número que assume declaradamente as suas funções cabalísticas, no exercício que suplanta as suas capacidades aritméticas. É o sete.
É evidente que o número sete nos empolga. Mas também é evidente que nos assusta e nos retrai. E que tudo isto se consuma no silêncio do número atravessado a meio da perna por um hífen e se desenvolve, simultaneamente, num círculo vicioso e numa série de ambiguidades.
Apesar de ser um número primo, não assumo com ele parentesco, nem com o que se lhe segue, que é o 11. Mas tenho de admitir que 7 são as cores do arco-íris e 7 são os dias da semana que se repetem desde o dia em que nasci.
Vejamos as coincidências, todas elas com registo nos livros sagrados:7 anos serviu Jacob a Labão por mor de conseguir a mão de Lia; José, na corte do Faraó, sonhou com 7 vacas magras e 7 vacas gordas (sonho que parece ter também atormentado Guterres e Cavaco); 7 foram as palavras que Jesus pronunciou na cruz, assim como 7 foi o número de quedas a caminho do Gólgota; Deus criou o mundo em seis dias e descansou ao 7º; ainda 7 era o número dos tubos das flautas de Pã e outro tanto o número das cordas da lira tocada pelo deus Apolo. 7 foi o número de casais que Noé escolheu para a arca, sem constar que desses algum fosse “gay”.
Outro tanto, as que respeitam às superstições: 7 é o número de fôlego dos gatos e também 7 é o número de anos de atraso para quem os mata; 7 é o número das chaves que devem guardar os segredos e são tantos como 7 o número de andares do Céu e outros tantos os do Inferno, na crença muçulmana; a Hidra tinha 7 cabeças;7 é igualmente o número de anos que se supõe perdoar a quem rouba ladrão e porventura 7 sejam as ausências de castigo, em tribunal, a quem sequentemente roube.
Ora, 7 são também as obras de misericórdia, assim como 7 são as maravilhas do mundo e, à moda da lusa pátria, as 7 maravilhas naturais de Portugal. São 7 os pecados capitais, mas igual número é o das virtudes humanas e 7 as virtudes cardinais. 7 são os sacramentos, sendo que o sétimo, o matrimónio, anda muito mal tratado. Ainda sob 7 palmos de terra ficam os humanos sepultados, antes, durante ou depois de terem completado, no catálogo de Shakespeare, as 7 idades do Homem. O candelabro judaico tem 7 braços, são 7 as trombetas do Apocalipse, há os 7 castiçais de ouro e as notas musicais são 7 – digam lá: dó, ré, mi ….
Na reliogiosidade cristã, 7 são as Chagas de Cristo, o mesmo número de horas de agonia e 7 as dores de Nossa Senhora e 7 são os dons do Espírito Santo.
Perguntando-se, até, quantas são as colinas de Roma e quantas as de Lisboa, a resposta é idêntica – 7. Plasticamente, assim rodeadas as capitais de dois impérios ( do Romano e do Quinto Império), esta irmandade “colinária” mantém o mito do número, identificando, uma por uma: em Roma, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino, Celio, Aventino e Palatino; em Lisboa, com os santos da terra, S. Jorge, S. Vicente, Santa Ana (não confundir com Santana, que é mais um precipício), Santo André, Chagas, Santa Catarina e S. Roque.
O Carnaval ocorre sempre 7 domingos antes do domingo de Páscoa e 7 eram os sábios da Grécia. 7 anos demorou a construir o templo de Salomão, mas quantos 7 anos multiplicados por outro dígito não tem demorado a construir o Hospital da Guarda?
Na tradição popular infantil, 7 eram os anões que brindaram e recolheram a Branca de Neve, sem esquecer que há um gigante que tem botas de 7 léguas.
Os portugueses navegaram por 7 mares (ora cantados pelo grupo 7ª Legião) para encontrarem as 7 partidas do mundo, no tempo em que os mesmos portugueses, sem número de contribuinte e sem cartão de cidadão, graças à sua virtuosidade e habilidade, eram considerados os homens dos 7 instrumentos. No Brasil, que “descobriram” e que Pero Vaz de Caminha noticiou em 7 folhas, deram o nome de 7 Lagoas ao que é hoje um município do estado de Minas Gerais e é dali a planta medicinal que se chama 7 Sangrias. Nos Açores, irmã em número, a Lagoa das Sete Cidades.
Politicamente falando, Alberto João Jardim apresentou 7 ideias para salvar o PSD nas “Palavras Assinadas”, as quais foram debitadas para salvar o partido.
Pior para o número – e para nós - 7 são os flagelos das nossas carteiras: IVA; IRS; IRC; IMT; IMI; Selo; ISV.
Para que se não diga que o Sete queda na simplicidade deste dígito, miremos os seus múltiplos, como disso é o 21 (7 vezes 3) que nos conduz ao número de projectos que Sócrates assinou como engenheiro na Guarda, em concomitância com a exclusividade de deputado da AR. E 7 terão sido as advertências sobre possíveis sanções disciplinares pela falta de qualidade dos ditos projectos e falta de acompanhamento das obras.
Enfim, deste primeiro ministro também há quem diga (como eu) que pinta o 7 e, para remedar o patrono desta coluna (Gonçalo Anes Bandarra), diria que 7 seria o número ideal de meses para ele continuar a sê-lo. Não porque ele próprio não queira. Ele quer. Mas para que nós não queiramos.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
"O VELHO, O RAPAZ E O BURRO"
Trazia um campónio idoso
Um neto no seu burrinho montado
Entrando assim em Trancoso
Com o rapaz bem refastelado.
O velho às Portas d’El-Rei deu fé
De uns homens a dizerem de tal sorte:
- Olha que tal lei esta é
Trazer montado o rapaz forte
E o velho trôpego a pé!
- Tapemos as bocas do mundo,
Disse o velho: - Rapaz,
Desce do burro num segundo,
E vem caminhando atrás.
Monta-se ele, mas ouve dizer
Umas mulheres ao Pelourinho:
- Isto não se devia ver
O tamanhão do velho no burrinho
E o pobre pequeno a correr!
- Eu me apeio, disse com desdém
O velho de boa-fé,
- Vá o burro sem ninguém
E vamos nós ambos a pé.
Junto ao Palácio Ducal
Na retoma do caminho alguém clama:
- Tolos os dois, para seu mal
Preferem calcar a lama!
De que lhes serve o burrinho?
Dormem com ele na cama?
- Rapaz, disse o velhinho,
Se de irmos a pé murmuram,
Ambos no burro sigamos caminho
A ver se inda nos censuram!
Montam, mas ao Castelo, censura igual:
- Apeiem-se almas de osso!
Querem matar o animal?
Apostamos que não é vosso.
- Vamos ao chão, disse o velho,
Já não sei qu’ei-de fazer!
O mundo está de tal sorte
Que se não pode entender;
É mau se monto no burro
Se o neto monta, mau é,
Se ambos montamos, é mau
E é mau se vamos a pé:
De tudo me têm ralhado
Agora que mais me resta?
Peguemos no burro às costas
Façamos inda mais esta.
Saem de Trancoso, pelo Convento
Livrando-se de algum sussurro
Mas ouvem com grande espavento:
- Doidinhos, tornaram-se burros do burro!
O velho então pára e exclama:
Do que ouço me confundo,
Por mais que a gente se mate
Nunca tapa as bocas do mundo.
Rapaz, vamos como dantes
Sirvam-nos estas lições;
É mais tolo quem dá
Ao mundo satisfações!
Um neto no seu burrinho montado
Entrando assim em Trancoso
Com o rapaz bem refastelado.
O velho às Portas d’El-Rei deu fé
De uns homens a dizerem de tal sorte:
- Olha que tal lei esta é
Trazer montado o rapaz forte
E o velho trôpego a pé!
- Tapemos as bocas do mundo,
Disse o velho: - Rapaz,
Desce do burro num segundo,
E vem caminhando atrás.
Monta-se ele, mas ouve dizer
Umas mulheres ao Pelourinho:
- Isto não se devia ver
O tamanhão do velho no burrinho
E o pobre pequeno a correr!
- Eu me apeio, disse com desdém
O velho de boa-fé,
- Vá o burro sem ninguém
E vamos nós ambos a pé.
Junto ao Palácio Ducal
Na retoma do caminho alguém clama:
- Tolos os dois, para seu mal
Preferem calcar a lama!
De que lhes serve o burrinho?
Dormem com ele na cama?
- Rapaz, disse o velhinho,
Se de irmos a pé murmuram,
Ambos no burro sigamos caminho
A ver se inda nos censuram!
Montam, mas ao Castelo, censura igual:
- Apeiem-se almas de osso!
Querem matar o animal?
Apostamos que não é vosso.
- Vamos ao chão, disse o velho,
Já não sei qu’ei-de fazer!
O mundo está de tal sorte
Que se não pode entender;
É mau se monto no burro
Se o neto monta, mau é,
Se ambos montamos, é mau
E é mau se vamos a pé:
De tudo me têm ralhado
Agora que mais me resta?
Peguemos no burro às costas
Façamos inda mais esta.
Saem de Trancoso, pelo Convento
Livrando-se de algum sussurro
Mas ouvem com grande espavento:
- Doidinhos, tornaram-se burros do burro!
O velho então pára e exclama:
Do que ouço me confundo,
Por mais que a gente se mate
Nunca tapa as bocas do mundo.
Rapaz, vamos como dantes
Sirvam-nos estas lições;
É mais tolo quem dá
Ao mundo satisfações!
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