Vai decorrer hoje, dia 8, a cerimónia da entrega oficial do Prémio LeYa 2012 ao autor de "Debaixo de Algum Céu", Nuno Camarneiro.
Já comprei o livro e ainda não o li. No entanto, a obra, à primeira vista, parece-me boa, pois encontro-a bem escrita, exposta de forma poética e com a envolvência das personagens na teia de um prédio onde cada um vive a sua vidinha e os seus dramas.
Não direi mais, por duas razões: ainda não li o livro; porque, igualmente, não o tendo lido, e tendo eu concorrido com um original meu ao mesmo prémio, nem sequer cheguei a ser um dos sete finalistas. Assim sendo, tecerei, não à obra mas ao prémio, alguns comentários, evidentemente comprometidos.
Dos 270 concorrentes, 263 ficaram pelo caminho. Isto tudo é normal. No entanto, o regulamento diz que podiam ser finalistas 10 obras; mas foram apenas 7 as que o júri inicial, que é escolhido entre os editores da LeYa, levou ao júri final Manuel Alegre & Cia, que apenas apreciou essas 7 obras.
Aos restantes 263 concorrentes nem sequer lhe são devolvidos os originais, em folhas A4 às centenas e em formato digital, porque serão para sempre anónimos e desconhecidos. Ora, eu que não tenho manias de anonimato e cogulas sobra a cabeça, dou o peito ao manifesto e digo que concorri e perdi.
Se calhar, nem merecia ir à final. Se calhar, entre aqueles 263, não havia mais três tristes que completassem o número máximo dos finalistas, mesmo sabendo-se que concorrem os de língua portuguesa d'aquém e d'além mar. Em Portugal escreve-se mal. A percentagem dos bons é diminuta, mesmo quando o "numerus clausus" é alto, não há preenchimento!
Pelo sim pelo não, irei dar, em próximo post, a oportunidade aos escassos leitores deste blog de lerem as duas páginas iniciais do romance, cuja acção se prende com os acontecimentos trágicos ocorridos nas mesmas datas (11 de Setembro) - o desastre ferroviário de Alcafache e o ataque com aviões às Torres Gémeas de Nova Iorque.
Ora, acontece que também sou jurado (um dos 25) dos Prémios Profissionaios de BD 2013. Mas, para além de jurado, sou concorrente, na medida em que uma obra minha está a concurso, por a Editora ter decidido apresentá-la para isso mesmo.
Alguém, depois de ler isto, estará a meditar: então, sendo jurado, vota nele!
Não senhor. O Regulamento - aliás muito bem elaborado - exclui a possibilidade de qualquer jurado, directa ou indirectamente, ligado a uma obra votar nessa obra. O que é muito justo. Há seriedade na escolha e, se algum benefício tira, é ao contrário; ou seja, sendo eu jurado, é menos um voto possível entre os 25 que poderão recair na obra minha a concurso.
Ao contrário do Prémio Literário LeYa, aqui todos os jurados tiveram e terão acesso às obras porque não há uma pré-selecção. Todos as vêm, todos as lêem, porque no prémio literário acima, Manuel Alegre e Companhia não folhearam uma única página dos 263 originais escritos para a sua escolha.
Resumindo e concluindo: há mais justiça de apreciação num júri dos Prémios Profissionais de BD do que no Prémio LeYa, cujo valor literário é arrasadoramente superior - 100 mil euros.