Podia falar de dois vícios, o do desenho e o da escrita, como se estivesse a falar dos vícios do álcool e do tabaco. Como não tenho os dois últimos, continuo com os dois primeiros, juntando-os consoante o meu engenho e arte.
Não sou perfeito e a anos luz da genialidade, mas faço o que posso e o que me dá na gana, principalmente porque quero agradar a mim próprio em primeiro lugar. Se gosto, continuo; se não gosto, não paro (se tanto, suspendo), para rectificar e modificar.
No trabalho que tenho entre mãos - melhor seria dizer da cabeça aos pés - é este Magriço que estou a alterar, depois de mais de trezentas páginas feitas a preto. Caberia na cabeça de alguém modificar três centenas de páginas, depois de as ter completas? A resposta é dada por mim: sim!
Com a peça teatral o Magriço, inaugurou-se o Teatro Nacional D. Maria II (texto que eu ainda não li para não me influenciar), mas é com a perspectiva do écran dos cinemas que eu modifico os enquadramentos e as vinhetas: por página, em norma, são três, em "cinemascope ou Cinema Scope". De quando em quando lá surgem duas vinhetas em uma, se a acção merece esse enquadramento.
Lá vou progredindo, redesenhando para aplicar a cor, modificando alguns pormenores, corrigindo gestos e outras imperfeições, na certeza de que ficarão muitas mais.
Logo que esteja pronto o trabalho, peço à gráfica a alteração do orçamento inicial, incluo a encadernação à linha e a capa cartonada com guardas impressas, para a obra seguir à sua vida.
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