Este é um dos títulos que faz parte da minha próxima lista de compras de BD. Considerados o desenho e a cor de grande categoria estética e documental, mormente na conseguida ambiência da época, o enredo interessa-me (interessa-nos), como europeu, porque circula à volta de um período conturbado da História europeia e as relações de acolhimento do lado de lá do Atlântico. Por incrível que pareça, estes acontecimentos não são apenas do passado, porque ainda se repercutem actualmente em qualquer parte do mundo.
A editora escolheu bem este trabalho de Philippe Charlot e Xavier Fourquemin, num álbum duplo que constitui o primeiro ciclo da obra.
Trago aqui ao meu blog esta obra porque acredito que a Arcádia/Babel está a apostar na BD de qualidade e porque recebi no meu e-mail esta novidade. Cortesia com cortesia se paga.
Características:
96 páginas
Cor
476x320x12 mm
PVP 20,80 euros
Sinopse da Editora:
O Comboio dos Órfãos é uma história sobre mobilidade e desenraizamento,
que nos mostra um momento menos conhecido mas muito significativo da História
dos Estados Unidos da América.
Na costa leste dos Estados Unidos, a onda de emigração maciça leva ao
abandono de muitas crianças vindas da velha Europa. Miseráveis entre os mais
miseráveis, as crianças abandonadas e maltratadas sobrevivem à custa de
pequenos furtos e mendicidade nas ruas de Nova Iorque. Só nesta cidade, eram
cerca de 20 mil em 1854, ano em que foi posto em prática o primeiro programa de
adoção, conhecido pelo nome de “Orphan Train Riders”. Inicialmente artesanal,
este sistema adquiriu rapidamente uma dimensão e uma eficácia quase industrial.
Quando a iniciativa terminou, em 1929, cerca de 250.000 crianças haviam sido
enviadas para o Oeste.
O reverendo Charles Loring Brace
foi o primeiro a acreditar que retirando estas crianças do seu ambiente nocivo,
poderia transformá-las em cidadãos irrepreensíveis. No estados do Middle West,
havia falta de mão-de-obra e muitos casais que não conseguiam ter filhos… Pelo
que seria possível enviá-las, por comboio, de uma costa à outra dos EUA. As
primeiras viagens foram um êxito.
Recorrendo a agentes locais, Loring Brace instituiu o princípio dos
cartazes que anunciavam a chegada das crianças para adoção. As “distribuições”
realizavam-se no teatro, na ópera, na igreja, ou até no cais da estação. Os
nomes, ou números, pregados nos casacos dos mais novos permitiam que os agentes
os identificassem facilmente. Era frequente que estas sessões se assemelhassem
a uma feira de gado. Compostas, na sua grande maioria, por agricultores, as
famílias de acolhimento exigiam o direito de verificar o estado de saúde
(principalmente dos dentes) dos meninos e meninas que lhes eram apresentados.
Era raro que fossem imediatamente adotados. A única obrigação das famílias de
acolhimento consistia em tratá-los como se fossem seus filhos, até atingirem
os17 anos. Obviamente, muitos eram considerados apenas como mão-de-obra barata,
mas, para o reverendo, era uma situação melhor do que aquela em que viviam nas
ruas de Nova Iorque.
Este livro relata uma longa
viagem pautada pela amizade, pela entreajuda… mas também pela traição.
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