A PVDE identificou os presumíveis autores do atentado a Salazar, mas o juiz José Alves Monteiro e a sua equipa, através de uma investigação científica, provou que havia um engano. Efectivamente não tinham sido os comunistas os autores do atentado mas uma organização anarquista com relações a Espanha. De um ponto de vista histórico, o relatório do juiz Alves Monteiro e, bem assim, a investigação que a ele conduziu demonstram a clara diferença de métodos da PVDE, por um lado, e da PIC, por outro. Assim, enquanto a polícia política se apressou a descobrir os suspeitos do atentado a Salazar, a inquirição de Alves Monteiro, apoiada na «sua» polícia, envolveu 44 detidos, 47 declarantes, 74 testemunhas, mais de 159 documentos e objectos apreendidos, 45 exames directos e mais de uma centena de ofícios. Duas formas muito distintas de apuramento da verdade, uma baseada na tortura e na coacção, outra visando a reconstrução da realidade dos factos com apoio em testemunhos prestados de modo inteiramente livre. Para esta diferença de metodologias muito contribuiu, decerto, o perfil institucional das duas forças policiais, ainda que, provavelmente, tenha sido a pressão para descobrir os culpados do atentado – e a vaidade em exibi-los – que motivou a forma desastrada e desastrosa com que Agostinho Lourenço e José Catela actuaram, em nítido contraste com a serenidade e o rigor do juiz Alves Monteiro. Poeta, historiador, publicista, etnógrafo e arqueólogo, o juiz Alves Monteiro nasceu a 25 de Fevereiro de 1890, no Fundão. Foi provedor da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, professor no Seminário do Fundão e a ele ficam ligadas várias acções de assistência social no Fundão. Foi juiz no Tribunal da Covilhã nos anos 30 do século XX. Um grande abraço.
Sobre este atentado publiquei no jornal todo o desenvolvimento que ocorreu ante, durante e um pouco após a deflagração da bomba. Ainda desenhei o enredo respeitante às prisões dos falsos culpados, então descritos como grupo terrorista do Alto do Pina. Acontece que pretendo completar essa fase do trabalho, designadamente com as trapalhadas de Maia Mendes e Baleizão do Passo, assim como a intervenção do juiz Alves Monteiro. A RTP solicitou-me, há tempos, a autorização para exibir os desenhos dessa BD na grande reportagem que exibiu e que esteve online durante algum tempo, inclusive no link apontado pelo "Observador". Graciosamente, como é meu hábito, autorizei a exibição dessas imagens, uma vez que retratam (em desenho, naturalmente) todas as cenas do gorado sequestro dos motoristas de táxi e das viaturas, da forma como mediram o espaço onde colocaram a bomba (mal medido, pelo que a bomba não fez o efeito por eles desejado), o fabrico daquela, os sinais entre os autores do atentado e demais envolvências. Na altura, segui o livro de Emídio Santana, um alfarrabista de Lisboa, com casa aberta junto da residência do falecido Dr. Mário Soares. Desconhecia que o juiz Alves Monteiro tinha sido juiz na Covilhã. Quanto a este trabalho, ando ás voltas com ele, largando-o e recuperando-o conforme me aparece à frente. As capas têm uma dúzia de versões, tantas quantas as voltas que eu dou ao trabalho, antes de o abandonar. Enfim, dando volta ao rifão: tantas vezes o cântaro vai à fonte, que um dia destes recupera a asa.
Por omissão, ocasionei um lapso. Onde escrevi "segui o livro de Emídio Santana" queria continuar com "adquirido num alfarrabista de Lisboa..." Conforme ficou, dava a entender que o Emídio Santana era alfarrabista e tinha venda aberta junto à residência do Dr. Mário Soares!
Agradeço a sua iniciativa e o alvitre/convite para uma banda desenhada. Não sei se o "propor" significa "dar uma ideia" ou se pretende os meus serviços para a realização dessa BD. De qualquer forma, conforme tenho vindo a dizer neste blog, tenho em mãos uma série de trabalhos, a maioria inconclusivos, que pretendo editar. Isto significa que, apesar de dispor do tempo de forma mais alargada, graças à ausência de compromissos externos, não dou vazão às ideias e projectos que gostaria de concretizar. Como já afirmei recentemente, em corpo do blog, o editor (que sou eu)embirra com o autor (que sou eu) por não corresponder às propostas que as ideias apresentam, isto também porque estas se repartem entre a escrita e o desenho. Há ainda a considerar que faço intervenções pro bono na sociedade onde resido, designadamente com as aulas de História na Universidade Sénior local. Já alguns amigos me questionaram sobre a exposição dos meus trabalhos neste blog, julgando que utilizo o espaço, como se fosse o lendário estendal do bragal das mouras nas manhãs de S.João, para cativar interesse de possíveis editores. Não, não é por isso; talvez por uma pitada de narcisismo ou até para cativar possíveis leitores numa franja limitada territorialmente. É certo que algumas das minhas obras, como é o caso de "O Malhadinhas", obviamente por direitos autorais do texto, estão condenadas a ficarem nos meus arquivos, mas isso é o preço a pagar por algum diletantismo e gosto. Suponho que seja da região de Viseu e que, para o seu projecto - que presumo válido - contacte autores da região, recorrendo ao GICAV (grupo de intervenção artística), capaz de o elucidar sobre autores com maior disponibilidade e até engenho. A Banda Desenhada tem uma dinâmica própria e uma estrutura que envolve custos não comparáveis aos das produções literárias escritas, como decerto saberá. Se o "propor", com que abri, significa dar uma ideia para um trabalho, certamente ponderarei o tema, naturalmente sem objectivos financeiros. No entanto, se me quiser contactar, pode fazê-lo através do email - se_costa@sapo.pt - obviamente condicionado pela indisponibilidade atrás apontada, de que lhe peço desculpa.
À Venda a 6ª edição, ainda pelo preço da primeira, que é de 9 Euros. É a terceira capa,com conteúdo sem alterações. O Padre Costa, a quem a fama atribui 299 filhos de 53 mulheres.
Cultura e incultura, críticas e demais tropelias
Natural de Trancoso, se vivo fosse, o sapateiro Gonçalo Anes Bandarra teria criado este blogue e, através dele, divulgaria as suas profecias e demais tropelias. Como vivo não é, achei que o papel que lhe caberia a ele deve ser feito por alguém, ou seja, por mim. Sobre o futuro, não queiram aproveitar um ponta do véu levantado; sobre a chave do euromilhões e outras chaves que abrem as portas da fortuna, nada de nada;acerca do quotidiano, sabeis mais do que eu, pelo que escuso divulgar; no tocante à cultura e à crítica, ficarei sujeito a ela e pouco a dominarei. Então, para quê, este BANDARRA? Boa pergunta ! A resposta, meus Caríssimos, tê-la-eis se consultardes este oráculo, tabernáculo e espaço de cultura, incultura, crítica, caricatura bem e mal-dizer. De tudo, por tudo, espero que o vero Bandarra me perdoe: que ele descanse em paz e que esta não me falte. Vós, Leitores, sabereis se valerá a pena entrardes uma segunda vez por esta porta. De qualquer forma, sede felizes.
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Bom dia Santos Costa
ResponderEliminarA PVDE identificou os presumíveis autores do atentado a Salazar, mas o juiz José Alves Monteiro e a sua equipa, através de uma investigação científica, provou que havia um engano.
Efectivamente não tinham sido os comunistas os autores do atentado mas uma organização anarquista com relações a Espanha.
De um ponto de vista histórico, o relatório do juiz Alves Monteiro e, bem assim, a investigação que a ele conduziu demonstram a clara diferença de métodos da PVDE, por um lado, e da PIC, por outro. Assim, enquanto a polícia política se apressou a descobrir os suspeitos do atentado a Salazar, a inquirição de Alves Monteiro, apoiada na «sua» polícia, envolveu 44 detidos, 47 declarantes, 74 testemunhas, mais de 159 documentos e objectos apreendidos, 45 exames directos e mais de uma centena de ofícios.
Duas formas muito distintas de apuramento da verdade, uma baseada na tortura e na coacção, outra visando a reconstrução da realidade dos factos com apoio em testemunhos prestados de modo inteiramente livre. Para esta diferença de metodologias muito contribuiu, decerto, o perfil institucional das duas forças policiais, ainda que, provavelmente, tenha sido a pressão para descobrir os culpados do atentado – e a vaidade em exibi-los – que motivou a forma desastrada e desastrosa com que Agostinho Lourenço e José Catela actuaram, em nítido contraste com a serenidade e o rigor do juiz Alves Monteiro.
Poeta, historiador, publicista, etnógrafo e arqueólogo, o juiz Alves Monteiro nasceu a 25 de Fevereiro de 1890, no Fundão. Foi provedor da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, professor no Seminário do Fundão e a ele ficam ligadas várias acções de assistência social no Fundão.
Foi juiz no Tribunal da Covilhã nos anos 30 do século XX.
Um grande abraço.
Caríssimo Amigo
EliminarSobre este atentado publiquei no jornal todo o desenvolvimento que ocorreu ante, durante e um pouco após a deflagração da bomba. Ainda desenhei o enredo respeitante às prisões dos falsos culpados, então descritos como grupo terrorista do Alto do Pina.
Acontece que pretendo completar essa fase do trabalho, designadamente com as trapalhadas de Maia Mendes e Baleizão do Passo, assim como a intervenção do juiz Alves Monteiro.
A RTP solicitou-me, há tempos, a autorização para exibir os desenhos dessa BD na grande reportagem que exibiu e que esteve online durante algum tempo, inclusive no link apontado pelo "Observador".
Graciosamente, como é meu hábito, autorizei a exibição dessas imagens, uma vez que retratam (em desenho, naturalmente) todas as cenas do gorado sequestro dos motoristas de táxi e das viaturas, da forma como mediram o espaço onde colocaram a bomba (mal medido, pelo que a bomba não fez o efeito por eles desejado), o fabrico daquela, os sinais entre os autores do atentado e demais envolvências. Na altura, segui o livro de Emídio Santana, um alfarrabista de Lisboa, com casa aberta junto da residência do falecido Dr. Mário Soares.
Desconhecia que o juiz Alves Monteiro tinha sido juiz na Covilhã.
Quanto a este trabalho, ando ás voltas com ele, largando-o e recuperando-o conforme me aparece à frente. As capas têm uma dúzia de versões, tantas quantas as voltas que eu dou ao trabalho, antes de o abandonar.
Enfim, dando volta ao rifão: tantas vezes o cântaro vai à fonte, que um dia destes recupera a asa.
um grande abraço
(e até sexta-feira)
Santos Costa
Por omissão, ocasionei um lapso.
EliminarOnde escrevi
"segui o livro de Emídio Santana" queria continuar com
"adquirido num alfarrabista de Lisboa..."
Conforme ficou, dava a entender que o Emídio Santana era alfarrabista e tinha venda aberta junto à residência do Dr. Mário Soares!
Os lapsos têm destas coisas...
Boa noite
ResponderEliminarGostaria de lhe propor um trabalho de banda desenhada. Como o poderei contactar?
Cumprimentos
António
Bom dia
ResponderEliminarAntónio
Agradeço a sua iniciativa e o alvitre/convite para uma banda desenhada. Não sei se o "propor" significa "dar uma ideia" ou se pretende os meus serviços para a realização dessa BD.
De qualquer forma, conforme tenho vindo a dizer neste blog, tenho em mãos uma série de trabalhos, a maioria inconclusivos, que pretendo editar. Isto significa que, apesar de dispor do tempo de forma mais alargada, graças à ausência de compromissos externos, não dou vazão às ideias e projectos que gostaria de concretizar.
Como já afirmei recentemente, em corpo do blog, o editor (que sou eu)embirra com o autor (que sou eu) por não corresponder às
propostas que as ideias apresentam, isto também porque estas se repartem entre a escrita e o desenho.
Há ainda a considerar que faço intervenções pro bono na sociedade onde resido, designadamente com as aulas de História na Universidade Sénior local.
Já alguns amigos me questionaram sobre a exposição dos meus trabalhos neste blog, julgando que utilizo o espaço, como se fosse o lendário estendal do bragal das mouras nas manhãs de S.João, para cativar interesse de possíveis editores. Não, não é por isso; talvez por uma pitada de narcisismo ou até para cativar possíveis leitores numa franja limitada territorialmente.
É certo que algumas das minhas obras, como é o caso de "O Malhadinhas", obviamente por direitos autorais do texto, estão condenadas a ficarem nos meus arquivos, mas isso é o preço a pagar por algum diletantismo e gosto.
Suponho que seja da região de Viseu e que, para o seu projecto - que presumo válido - contacte autores da região, recorrendo ao GICAV (grupo de intervenção artística), capaz de o elucidar sobre autores com maior disponibilidade e até engenho.
A Banda Desenhada tem uma dinâmica própria e uma estrutura que envolve custos não comparáveis aos das produções literárias escritas, como decerto saberá.
Se o "propor", com que abri, significa dar uma ideia para um trabalho, certamente ponderarei o tema, naturalmente sem objectivos financeiros.
No entanto, se me quiser contactar, pode fazê-lo através do email - se_costa@sapo.pt - obviamente condicionado pela indisponibilidade atrás apontada, de que lhe peço desculpa.
Os meus cumprimentos
Santos Costa