segunda-feira, 27 de julho de 2015

O MANUAL E O DIGITAL

Para além de aceitar desafios, como foi o caso da RTP, em que apostei desenhar em directo e ao vivo uma prancha de Lucky Luke, tendo esse desafio decorrido com uma mancha de 3 metros de altura com a largura proporcionada (quando a mancha do álbum tem 25 cm de altura), também os proponho a mim próprio, como é o caso de desenhar com o rato no computador.
Desenhar com o rato não é fácil e só ao poder de muitas horas e de muita experiência se consegue transformar em "bico de lápis" aquela "carapaça de escaravelho". Por isso, faço-o no acabamento das vinhetas, acrescentando ou corrigindo imperfeições, linhas dos enquadramentos e textos, depois de ter passado pelo scanner o trabalho manual, a tinta (com as linhas principais do desenho).


Isto quer dizer que as pranchas que actualmente produzo não são propriamente consideradas as ideais para exposições de BD, a não ser que o trabalho final seja apresentado como original, depois de impresso. Mas, sinceramente, ao contrário do que vai sendo usual no panorama bedéfilo nacional, em que se expõe mais do que se publica, não estou interessado nesse propósito, tanto quanto é essencial o produto final, o livro ou álbum, e acessória a exposição em galerias.



Se se reparar nas janelas desta vinheta ou no cadeirão à esquerda, nota-se que há trabalho digital.


sábado, 25 de julho de 2015

A "BATALHA DE TRANCOSO" E O JORNAL "EXPRESSO"


Foi há 30 anos. O álbum de BD "Batalha de Trancoso" constitui o meu primeiro trabalho publicado nesse formato. Mas tem uma história interessante...
Em meados de 1984, o então vice-presidente da Câmara de Trancoso abordou-me em outro concelho onde eu trabalhava para me propor a BD sobre a batalha de S. Marcos, pois ia comemorar-se o 6º centenário em 1985 (a batalha deu-se a 29 de Maio de 1385, mas na altura ainda se comemorava a 25 de Abril).
Depois de entregue o trabalho, foi-me proposto pela Câmara que estava interessada em adquirir os direitos, fazendo um preço que eu achei justo. O álbum saiu, foram feitas edições atrás de edições e eu... chapéu!
Passados uns anos, aquando nas pesquisas das actas do município para uma obra monográfica de uma das freguesias do concelho de Trancoso, reparei que o jornal "Expresso" estava interessado na edição da obra.
Assim, na acta de 23 de Maio de 1985 lê-se: "Em seguida foi presente ofício recebido do jornal Expresso informando que estudou a possibilidade de fazer publicar nas suas páginas a banda desenhada editada por esta Câmara referente às Comemorações da Batalha de Trancoso, pedindo para a Câmara colaborar com apoio publicitário".
Não me foi dado conhecimento, mas nessa acta o executivo deliberou solicitar mais pormenores ao semanário. 
O assunto só foi a reunião a 5 de Setembro de 1985, pois lê-se: "Em seguida foi presente a carta da empresa Sojornal - Soc. Jorn. SAR, proprietária do Jornal Expresso, apresentando a sua disponibilidade para publicar  "A Batalha de Trancoso" em banda desenhada por reprodução directa do álbum editado por esta Câmara, oferecendo gratuitamente 500 exemplares a este Município. A Câmara deliberou autorizar  a publicação de tal trabalho nas aludidas condições, sem qualquer encargo para si, mantendo a exclusiva propriedade e direitos de autor sobre a referida obra".
Todo o processo passou-me à margem, pois eu já nada tinha a ver com o caso. O que vendi, está vendido.
Sobre este trabalho, uma revista publicada pelo Expresso (com a Liber), - o Jornal da BD, 165, 21º volume, 5º fascículo - dedicou-me uma breve crítica, assinada pelo Geraldes Lino, na página "da BanDa de cá"que passo a reproduzir: "Apresentada em álbum de Banda Desenhada pela Câmara Municipal de Trancoso, pode considerar-se acontecimento quase inédito, a par de "A Batalha da Salga", editada em 1981 pela C.M. de Angra do Heroísmo./ Desta Batalha de Trancoso (ou melhor, de S. Marcos), comemorou-se este ano o Sexto Centenário. Daí resultou a ideia de a narrar, bem como aos antecedentes históricos, através da BD. Tomou conta do recado Fernando Jorge dos Santos Costa cujo grafismo, apesar de evidentes incipiências, tem o indefinível encanto da espontaneidade."
Resta-me acrescentar que o então vice-presidente passou a presidente da Câmara no mandato seguinte e foi-o até ao limite de mandatos legal, tendo eu sempre colaborado com outras publicações, mas sem a venda dos direitos de autor.
Ainda hoje recordo que, em 1984, na ocasião em que fui chamado à reunião do executivo, para assinar o contrato, um dos vereadores, médico de profissão (e de quem sou amigo), me foi chamar à sala de espera e convidou desta guisa: - "Entre, a Banda!".

terça-feira, 21 de julho de 2015

UMA VINHETA, VÁRIAS PERSPECTIVAS





É a mesma vinheta, o autor continuo a ser eu, os tratamentos é que são diferentes, designadamente na aplicação da cor e, no caso da última, com uma trama ou "screentone", que lhe dá os cinzentos.
Trabalhar em BD não é fácil. Por vezes, o mesmo trabalho percorre várias versões, quase sempre com imperceptíveis alterações do traço, designadamente quando é redesenhado a partir do original.
É natural que esta cena, depois de escrita e bem esticada (com a descrição das personagens, a acção à mesa, a iluminação, a comida e os diálogos, por exemplo), caberia na mancha de uma página de livro, mas demoraria menos vinte vezes a ser executada em termos de energia e de tempo.
Alterarei o rifão para dizer que "uma imagem vale por mil palavras e necessita do tempo inerente a estas para se executar".

segunda-feira, 20 de julho de 2015

OS "MALTRATADOS" E AS "CRÓNICAS"




Poderá alguém dizer - e ainda não disse, mas talvez pensasse - que este blog é um bocado narcisista, uma vez que o seu autor costuma fazer o mesmo que as mouras das lendas faziam nas madrugadas de S. João: estendiam os seus tesouros ao relento; eu, tal e qual, estendo as minhas obras no relento da blogosfera.
Quando criei o blog era para "malhar" na política e exercer uma crítica, tanto quanto fosse necessário, severa. Optei por não fazer uma coisa nem outra; antes, enveredei por aquilo de que gosto - a literatura e os desenhos.
Não quero com isto dizer que não publique sobre terceiros (e, para tanto, aguardo sempre que estes me incitem a isso), não o fazendo a esmo porque, sem ser crítico, não é meu hábito criticar; e sem autorização dos autores e editores, não coloco imagens para as quais estou impedido pelos direitos de autor. Com isto, não brinco.
Depois do arrazoado, tomai lá mais do Santos Costa (como de si disse o Alexandre O' Neill), que são as duas obras com as capas supra. Constituem elas os meus primórdios, pois são, respectivamente, a segunda e a terceira publicação que fiz - a primeira, intitulada "A Revelação", falarei dela depois.
Os "Maltratados, Sedentos e Famintos" foram publicados, em auto edição, em 1976, depois de impressos numa tipografia antiga (com caracteres móveis de chumbo), mas o trabalho saiu perfeitíssimo. Presumo mesmo que foi o primeiro trabalho, no género, que executou essa gráfica de Celorico da Beira, mais vocacionada para jornais. Mas, repito, tomara muitas gráficas de hoje, com os meios que dispõe, fazer obra tão bem acabada como esta.
Trata-se de um livro de contos com 114 páginas de texto, com algumas gravuras, assinado com o meu nome e sobrenome (a única vez em que o fiz deste modo).
As "Crónicas do Arco da Velha" surgiram impressas, em 1985, com uma tiragem de 2.000 exemplares, que foram distribuídos e bem vendidos por todo o País através da Bertrand. A gráfica que executou esta obra foi a, agora extinta, Tipografia Guerra (Viseu).
Trata-se de um livro de crónicas e contos, com 182 páginas. Entre os contos, figura um que venceu o 1º prémio da RTP (1975), aberto através do programa "Os Homens, os Livros e as Coisas", e um outro que venceu o 2º Prémio em concurso aberto pela Junta Central das Casas do Povo (1978), que teve um júri constituído pelos escritores José Gomes Ferreira, Maria Velho da Costa e Álvaro Salema.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

OS PSICOPATOS DO MIGUEL MONTENEGRO


O Convite está aí, a obra promete, pelo que já vi e li.
Miguel Montenegro é um jovem e promissor autor de BD, "bichinho" da arte que o "atacou" aos onze anos de idade. Foi o primeiro autor português a trabalhar, como profissional, para editoras norte-americanas, tais a Marvel, Image, Dynamite e Top Cow, apresentando agora esta obra sob a chancela da BABEL.
Vai apresentar a obra o mais jovem dos seniores da BD nacional - Geraldes Lino - que estará com o Miguel a receber os convidados, que são todos os que quiserem estar presentes.
O convite foi-me endereçado para o e-mail mas, como infelizmente (e como vem sendo hábito) não posso lá estar, considere-se esta transmissão graciosa para todos aqueles que tenham a sorte de estar presentes.
Para o apresentador, um abraço de amigo; para o Miguel, um outro de gratidão (pois hei-de ler e ver o álbum), com votos de muitos êxitos, naturalmente merecidos.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

DOIS TÍTULOS

Entreguei hoje na gráfica dois títulos correspondentes a duas obras distintas: uma, de texto com ilustrações, tem como título "Lendas do Distrito da Guarda", é em formato A4 e cartonada; a outra, intitula-se "As Aventuras do Magriço", é em formato A5, capa mole, e constitui um dos doze livros (sendo este o primeiro) que pertencem a esta saga.
As capas, elaboradas por mim (portanto, sem o tratamento final da gráfica), estão a seguir: