quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

CONTOS DE AMOR E DRAMA - volume 1


Acaba de me ser entregue, pela gráfica, o primeiro volume de uma série que tem como título genérico "Contos de Amor e Drama". É em formato A5, tem 206 páginas e, em pórtico de cada conto, há uma ilustração alusiva, das quais aqui reproduzo três. Este primeiro volume reúne 23 contos, nem todos semelhantes em tamanho.

Como já tive oportunidade de referir em outra ocasião, publiquei durante uma década mais de uma centena de contos numa revista feminina de grande tiragem, para além de outros que fui publicando em jornais e revistas de diferentes segmentos. Para além disso, tenho alguns contos inéditos e outros na cabeça que entrarão na fornada quando tiver pachorra para isso.

Agora, imaginem: feitas as contas, a coisa dá para umas duas mil páginas (2.000), com letra em corpo 11 e mancha larga, no formato que já indiquei. Isso quer dizer que decidi dividir a coisa em volumes, todos eles de 206 páginas.
Não se iludam com o título, porque há contos de amor e paixão, mas há-os de desamor, drama, traição, de guerra (1ª guerra mundial e guerra colonial), históricos (séculos XII, XIII e XIV), policiais, ficção científica e outros de aventura, tendo em comum, isso sim, o amor e o drama.
Já foi para a gráfica o 2º volume, mas já estou a trabalhar no 4º, (o que quer dizer que o terceiro está  concluído), uma vez que tenho de produzir todas as ilustrações e são muitas.
A tiragem é limitada e não corre pelos círculos comerciais normais, nem mesmo através da internet ou pelo correio.
Achei que os dispersos publicados em revistas e jornais se  perdem e, com essa hipótese, decidi  juntá-los e guardá-los neste formato. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

ENCICLOPÉDIAS ALEGRES (4) - BRUXAS

DANÇAS. Danças com bruxas parece ser um sugestivo título para um filme candidato a mais de sete nomeações para os Óscares.
Com esta ideia peregrina, resta-me acrescentar que as bruxas costumam dançar com o diabo, nuas tanto da cintura para baixo como para cima. Também tocam pandeireta e, possivelmente, poderão aparecer em festival da eurovisão em forma de girls band.
“Depois da pança, vem a dança”, parece ser o axioma das assembleias. O banzé dos tamborins, rabecas e pandeiretas, segue-se a um repasto bem servido por qualquer imitação de cozinha com três estrelas Michelin, cujo menu acho por bem não mencionar. Desnecessário será dizer que não poderão encontrar esta ementa nos cardápios do famoso Barnaby’s de Nova Iorque. Presumo eu.
DEDOS. São os instrumentos mais usados e utilizados pela malta do gamanço nos eléctricos 15 e 28, contrariando a superstição que diz vir a ser músico a criança que tiver dedos longos e ágeis. Também diz a crença que será desonesta a criança que tiver o dedo indicador tão comprido como o médio, dando ainda a hipótese que deverá também ser político, de preferência deputado. Se a crença não do diz, haverá por aí escrito algures que é hábito dos políticos cruzarem o indicador e o médio atrás das costas por cada vez que façam uma promessa. Executam esse gesto, depois que se encontram fadados para este regime de promete e não faz, quando é pela positiva, e faz quando não promete, quando é pela negativa, vendo assim cumprido, mesmo com os requisitos mínimos, os sonhos de menino.
Um senhor chamado M. Krout contou 5.000 gestos diferentes para as mãos, cada um correspondente a uma expressão verbal utilizando os dedos. Há gestos que não revestem propriamente formas de comunicação, como é o caso da pouco higiénica passagem dos dedos pelas cavernas do nariz. Quem limpar “macacos” na Líbia e na Síria significa um convite sexual e se colocar o polegar e o indicador nas duas aberturas nasais está a insultar os nativos com algo semelhante a “vá para o diabo que o carregue”.
Nem é dos livros das bruxas que se extrai mais esta. Não se devem fazer estalidos com os dedos para chamar os empregados de balcão nos Estados Unidos ou no Japão, porque é ofensivo e tido como desprezo. Nem se forme  o V de vitória com os dedos na Austrália, pois significa que os está a mandar “abaixo de Braga”. E também não se apresente a um italiano com as mãos juntas, como se estivesse em prece, e com os polegares erguidos. É como se estivesse a chamar burro ao transalpino; nem exiba a um grego a palma da mão aberta com os dedos esticados, porque é muito ofensivo (gesto que se chama “moutza”), pois quem o fizer vai ver-se grego para justificar a “sacanice”.
DEGRAUS. O que têm a ver as escadas com as superstições, para além daquela que não recomenda passar por baixo de uma?
Acredita-se que se deve subir um degrau, um patamar ou para uma cadeira, na passagem de ano, para que a vida ganhe novo impulso positivo; mas deve-se fazê-lo com o pé direito primeiro. Não se promete que suba na carreira, principalmente se estiverem “congeladas” as progressões na dita.
DENTES. Embora possuam a dentadura completa, original e não placa, nos dois arcos maxilares, não se livram as bruxas de aparecerem na iconografia da classe sem uma série de incisivos, caninos e pré-molares quando executam aqueles sorrisos desdenhosos. Há até receitas na internet (não há receita que lá não esteja, seja para o que for) que ensinam a escurecer os dentes para o dia das bruxas. Para quem não queira andar com as pinturas na dentição, existem à venda uns moldes que incluem aparelho ortodôntico, gengivas com parodontose e falta de dentes, com eles cariados ou ainda com uma estrutura irregular a imitar Mário Centeno, o ministro das Finanças.
Nós sabemos que, na maioria das pessoas, os dentes que substuíram os de leite celebraram um contrato de curta duração sem cláusula de rescisão. Ainda nesse contrato está firmado que nenhum político deverá utilizá-los para morder o adversário, se bem que tenha vontade de lhe ferrar uma dentada nas nádegas, deixando essa tarefa ingrata à língua que, em contrato próprio e em regime de voluntariado, tanto serve para lamber botas como para vituperar todo o bicho careto que não faça parte da sua bancada.
Os dentes deviam ser numerados, mas não numa forma sequencial, identificando uma espécie de NIB ou IBAN de cada indivíduo. Isto facilitaria o levantamento de numerário nas caixas multibanco, a abertura das portas de casa e do carro, abrir o PIN do telemóvel ou como password do computador e o acesso ao portal das finanças para registo do e-fatura. Bastaria o titular sorrir como o fazem as apresentadoras nos salões de automóveis quando se aproximam os mirones para verem a viatura e a modelo.
Não recomendado este sistema, como é evidente, a quem possua placa completa ou implantes dentários com ou sem parafusos de titânio. Perder uma dentadura para esta lhe ser roubada, seria pior do que possuir o famigerado cartão multbanco e o seu código de acesso.
De tal forma os dentes estão ligados às bruxas, como a língua portuguesa actual ao novo acordo ortográfico, que se dá o nome de bruxismo ao tique daqueles e daquelas que passam grande parte do dia a ranger os dentes.
DIABO. Diz o povo que o diabo quando anda entre as bruxas dá pelo nome de “Zângão”. Também é chamado “bezerro dos cornos pretos” ou “tinhoso”. Junta-se com elas nas encruzilhadas onde não esteja brigada de trânsito em operação stop, todas as terças e sextas-feiras. Não consta que qualquer deles tenha participado nas meritórias campanhas do Banco Alimentar contra a Fome.
O cliché do “cornudo” é a representação como bode de dois ou três cornos, retorcidos como os dos carneiros, patas com duplo casco, cauda e muito pelo no corpo. Presidem assim às cerimónias do “sabat” , obrigam as noviças a beijá-lo nas nádegas e unem-se carnalmente com as companheiras em bacanais extravagantes, seguros de que não há delatoras nem algum “paparazzo” intrometido. Maior regabofe não vai pelos lupanares mais desbragados, nem mesmo pelas noites mais acaloradas do Lupanar de Pompeia.
Quando faz chuva e sol ao mesmo tempo, diz o povo que o diabo está a dançar e a cantar com as bruxas. Há até quem aposte que Gene Kelly e Stanley Donen se basearam neste costume para levarem à tela o Singin’ in the Rain (Serenata à Chuva).
DINHEIRO. Se um grilo dentro de casa fosse sinal de dinheiro, como reza a superstição, certamente as lojas dos chineses já teriam expostas centenas de gaiolas com os bichos lá dentro. Digo isto porque, para além de venderem tudo menos a Torre Eiffell e a dívida externa portuguesa, os chineses aqui estabelecidos, na sua terra natal também têm uma superstição a confirmar que o pouso de um grilo numa pessoa (no caso, um chinês na China) significa muita sorte. Suponho que a ser acertada a teoria popular, naquele edifício do Terreiro do Paço de cor amarela, onde se assenta o antigo ministério da Fazenda, teria forte e sonante cantoria toda a noite – cri,cri,cri,cri….
Mais eficaz me parece esta: para que se não acabe o dinheiro em casa, guardam-se cachos de uvas pendurados.
Para quem deseja contactar uma bruxa à moda antiga no intuito de conseguir o vil metal, é melhor tirar daí o sentido e procurar por outro lado: é suposto e publicitado resultar a consulta a “astrólogos” do tipo mestre Fati’s, professores Karamba’s, Saco’s e Mamadou’s e outros tarólogos que prometem confidência mais absoluta que o tão apregoado sigilo bancário ou o propalado segredo de justiça.
Já para afugentar o bruxedo, basta trazer uma moeda no bolso, desde que esta tenha uma cruz desenhada, o que não resulta com as moedas do euro, uma vez que o BCE (Banco Central Europeu) não preveniu esta necessidade.
É bom lembrar que as bruxas não recorrem ao rendimento social de inserção. Ou recorrem?
DONINHAS. Estes simpáticos bichanos trazem consigo a má reputação de outrora personificarem as bruxas e executarem à risca as suas missões, a exemplo do que acontece com as finanças portuguesas e a troika. Daí também correr o alarde de que ninguém consegue apanhar uma doninha adormecida.
Avizinha-se mau agouro de alguém se cruzar com uma, principalmente se ela fugir para a esquerda (o que se tornou moda em vários tipos de fuga) e se for de cor branca.
DÚVIDAS. Segundo a crença, que se julga provir do judaísmo, deve-se contar os botões do casaco que se veste na oportunidade em que surge uma dúvida ou uma decisão importante. Se a contagem somar um número par, a decisão que se tomou está correcta; se for ímpar, deve tomar outra.
No entanto, as bruxas não usam casacos com botões, mas nem disso precisam pois, tal como um certo político português, nunca se enganam e raramente têm dúvidas.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

ETNOGRAFIA, TEXTO E DESENHO NA BMEL (GUARDA)

A BMEL - Biblioteca Municipal de Eduardo Lourenço -  na Guarda, convidou-me a apresentar três sessões sobre os temas em epígrafe, sendo que duas sessões eram destinadas aos mais novos: da parte da manhã, a turmas do 4º e 5º anos e de tarde a turmas do 6º ano, num total de alunos superior a uma centena. A última foi dirigida ao público adulto.
A iniciativa decorreu em torno do meu mais recente livro - As Lendas do Distrito da Guarda - que eu escrevi e ilustrei, mas foi também pretexto para falar de desenho e de banda desenhada.


A BMEL está a proporcionar à comunidade a divulgação de autores regionais e nacionais, em todos os âmbitos do livro, sendo muito activa e diversificada nesta actividade, colocando o meio escolar em contacto com autores, editores e académicos em geral, estimulando, como deve ser, os jovens (e até os menos jovens) para a cultura e a leitura.


Foi assim proporcionado a mim, como autor e editor, o contacto com os leitores, principalmente os mais jovens em idade correspondente aos anos lectivos participantes, falando-lhes do porquê, do como e onde sobre o texto e a imagem,


Nada é mais gratificante para um desenhador do que desenhar para um público tão atento e interessado.


Principalmente quando se apela à participação desse mesmo público e ele a aceita de bom grado.




E ainda quando se explica como se faz uma banda desenhada, desde o esboço inicial...


... até ao produto final, passando por explicação de todas as fases de tintagem e arte final, colorido, impressão e acabamentos.

Nada é tão gratificante como ver o interesse que estes jovens demonstraram, a sua participação activa, as questões pertinentes que colocaram, a atenção que dedicaram à acção.

Iniciativas como as desta Biblioteca Eduardo Lourenço e das Escolas envolvidas, interessam à divulgação da cultura portuguesa, aos escritores e desenhadores portugueses, ainda mais do que amostras e mostras, workshops (que têm mais de shops do que work) e outras festivalidades que levam até si sempre os mesmos e não atingem o público alvo na idade em que a formação é pedra basilar de futuros.
Um grande obrigado à BMEL, designadamente ao Dr. Américo Rodrigues, à Dra. Ana Luísa e ao Dr. António Oliveira, ainda extensivo aos professores que acompanharam os alunos e às respectivas Escolas. Um obrigado ainda maior a todos os ALUNOS, público atento e participativo, a quem tive o grato prazer de falar.
(Estas fotos foram extraídas do Facebook da BMEL, a quem presto homenagem de gratidão).