quarta-feira, 22 de agosto de 2012

QUE KULTURA?

Num país onde a maioria da imprensa diária generalista se preocupa em preencher os espaços de cultura com a exibição dos glúteos femininos, nem sempre os assuntos comezinhos têm importância para trazer às colunas, pois que não serão dramas de faca e alguidar, o suicídio de um cineasta, um actor que mandou dois "bufardos" a um fotógrafo impenitente, uma princesa que foi apanhada no iate a mostrar o rabinho ou coisas do género.

Para que não passe em claro a omissão da postagem anterior, quero dizer que a efeméride dos 150 anos do nascimento de Salgari, então referida, teve outras fontes de divulgação, como é o caso do JORNAL DE NOTÍCIAS, pela iniciativa e pela mão do Pedro Cleto
http://asleiturasdopedro.blogspot.com
com saída na edição de 21 de Agosto, como o fizeram outros jornais, mas fora de Portugal.
A notícia também é notícia quando se rememora a notícia.
Fico agradecido ao Pedro e ao JN - também com a evidência de, nesta efeméride, colocar visível o meu livro, naturalmente.
É natural que muitos dos redactores e directores dos jornais tenham lido, em "pequenos", os romances do escritor italiano; no entanto, passado esse tempo e com leituras de prosadores mais intelectuais, os plumitivos envergonharam-se desses princípios, como também se envergonharam dos calções presos por suspensórios, peúgas até meia perna, sapatinhos de fivela envernizados e lacinho "à gato". Vai daí, "temem" ficar colados à imagem de uma "escrita menor", de aventuras e diabruras, quando têm em mãos, recebidos na mesa da redacção, artigos de opinião que não opinam coisa alguma, a tristeza de um país que depende de três indivíduos que se chamam troika (que não passam do Cocó, Ranheta e Facada) e de outras divagações retiradas sobre a hora, à guisa de notícias que repassam diariamente nas pantalhas dos 3 principais canais de sinal aberto ou dos imensos pastiches e dobragens de reportagens alheias.
Salgari? Salgueiro? Notícia?
Ele cometeu "hara-kiri" há 101 anos e isso deixou de ser notícia quando "hara-kiri" comete a economia portuguesa todos os dias e se trata apenas com um vocábulo que deve estar a entrar para o Guiness como o mais utilizado -CRISE.
Às vezes - penso eu, antes de adormecer - gostaria de saber como é que os Marcianos vendem os seus jornais.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

APRESENTAÇÃO E EFEMÉRIDE



Ao constatar o (des)interesse dos "media" pela efeméride do 150º aniversário do nascimento do escritor Emilio Salgari, prometi trazer hoje, dia 21 de Agosto de 2012, essa memória, com o ensejo de relatar, através da autoria do jornalista JOSÉ DOMINGOS, a apresentação do meu livro "Os Piratas do Deserto". É dele a peça que se segue, talvez uma das poucas dedicadas ao escritor e ao desenhador, pois não vi, até agora, referências a ambos (só me faltou ler o Diário da República ), com excepções nos semanários "O Interior", "Terras da Beira" e "A Guarda", para além de uma entrevista que dei ao diário "I".
O trabalho a seguir, bem como as fotografias, são do José Domingos, que me fez o favor de estar presente e a quem, mais uma vez, agradeço.


O mais recente livro de Banda Desenhada do escritor, ilustrador e investigador trancosense Fernando Santos Costa “OS PIRATAS DO DESERTO” baseado na obra de Emílio Salgari foi lançado sexta-feira (16 de Agosto) na livraria “LeYa na Buchholz, de Lisboa pela Editora ASA.
A sessão contou com a presença do Presidente do Município de Trancoso, Júlio Sarmento, jornalistas e um conjunto de escritores/ autores de BD.
A obra foi apresentada por Jorge Magalhães, autor de BD e antigo editor da Agência Portuguesa de Revistas (APR) onde foi coordenador da célebre revista de BD Mundo de Aventuras  (II série) entre outros títulos da editora  (Mundo de Aventuras Especial e Selecções), traduzindo "BD’s" e escrevendo artigos e  contos.
Magalhães realçou que Santos Costa é o primeiro escritor e autor português de Banda Desenhada a elaborar uma obra Emílio Salgari ( Verona, 21 de Agosto de 1862-Turim, 25 de Abril de 1911). Trata-se de uma obra em BD (Banda Desenhada), género comic book e como graphic novel, sendo uma adaptação livre do livro com o mesmo título de Emilio Salgari.
Santos Costa recordou que o lançamento de”Os Piratas do Deserto” ocorre precisamente no mês em que se comemora o 150º aniversário do nascimento de Emílio Salgari. Em improviso e sempre em diálogo com assistência que activamente participou na sessão, o escritor de Trancoso traçou uma retrospectiva da sua vida enquanto ilustrador/desenhador e autor de BD e a sua participação no Mundo de Aventuras, designadamente.

Não deixa de ser curioso que Santos Costa tenha publicado alguns dos seus trabalhos com capa de prestigiados e conhecidos autores de BD, sem que nunca se tivesse dirigido às redacções das revistas, o que, contudo, não deixou de guindar os seus trabalhos a um patamar elevado das editoras e do grande público, o que foi sublinhado por Jorge Magalhães que elogiou o trabalho de Santos Costa e traçou uma retrospectiva da sua participação em “Mundo de Aventuras”.
No Prólogo do livro de BD “Os Piratas do Deserto”, Carlos Passoa afirma a propósito de Santos Costa:” O autor, Fernando Jorge dos Santos Costa (n. 1951, Lisboa) de seu nome completo, é o único português que passou para os quadradinhos romances de Salgari. Essas histórias foram publicadas nos anos de 1980 na revista “Mundo de Aventuras”, então a viver a última fase da sua existência – primeiro “Os Tuaregues” (18 de Junho de 1981), depois “O Último tigre” (28 de Janeiro de 1982) e finalmente “A Formosa Judia” (15 de Dezembro de 1986, penúltimo número da revista)”.
E adianta “…A aventura, os combates extraordinários, os ambientes fantásticos e as muitas peripécias no enredo foram as razões que impeliram Santos Costa a adaptar Emílio Salgari. Autor de uma extensa lista de contos e novelas, bandas desenhadas e ilustrações, nunca escondeu, aliás, o fascínio que Salgari exerceu sobre si. “Não era um escritor de alta-roda nem das elites, mas muito apreciado pela juventude daquele tempo e por uma população pouco letrada. Não eram só os livros de Sandokan mas também as histórias que se passavam em outras partes do globo, na selva ou no Ártico. Tudo isto dava uma sensação extraordinária”.


A presentação de “Os Piratas do Deserto” contou ainda com a presença de Maria José Magalhães da editora ASA.
E, como escreveu a propósito Carlos Pessoa, “ os leitores de Salgari e também os que não o conhecem têm agora uma oportunidade de voar ao sabor da aventura, nas asas da imaginação, do sonho e das paisagens exóticas”.
Quem Foi Emílio Salgari?

Emílio Salgari  nasceu na cidade italiana de Verona a 21 de Agosto de 1862  e faleceu em Torino no dia  25 de Abril de 1911) foi um escritor italiano.
Desde muito cedo se interessou pelas viagens marítimas e decidiu ser capitão. Ingressou na Academia Naval de Veneza, alistou-se num barco mercantil e percorreu a costa Adriática. Regressou a Itália onde começou a ganhar sustento com as suas obras que começaram por serem publicadas e jornais.
Emílio Salgari era filho de uma família de modestos comerciantes, notabilizou-se escrevendo, nos últimos 15 anos da sua vida, cerca de 200 novelas de aventuras e de viagens por regiões como a Malásia, as Antilhas e as Bermudas - terras exóticas para a maioria dos ocidentais - e ainda diversos volumes passados no Far-West.
Mais tarde, casou-se com Ida Peruzzi, com quem teve quatro filhos. Mesmo com os êxitos dos seus livros os problemas económicos não deixaram de os seguir.
Depois da morte de sua esposa, Salgari se suicidou no Vale de San Martino.
Publicou:
Os Mistérios da Selva Negra ( escrito em 1889), O Tigre da Malásia, Os Piratas da Malásia, O Rei do Mar, A Cimitarra de Buda, O Rei da Montanha, Um Drama no Oceano Pacífico, O Corsário Negro, Os Peles Vermelhas, O Leão de Damasco, As Maravilhas do Ano 2000, Os Dois Tigres,  O filho do Corsário Vermelho, A conquista de um império,  A revanche de Sandokan,  A reconquista de Mompracem, O falso Brâmane, A queda de um império,  A revanche de Yanez e Os últimos flibusteiros, entre outros.Perante a diversidade das regiões onde os seus romances decorrem, poder-se-ia supor que a sua obra seria o resultado de imensas viagens que empreendera ao estrangeiro. Puro engano! Apesar da acção das suas novelas decorrer em longínquos países, realizou apenas uma viagem no mar Adriático, na costa oriental da Itália, quando frequentou, inutilmente, um curso que lhe poderia ter dado a profissão de capitão da marinha. As suas grandes fontes de inspiração foram os relatos exóticos de viajantes e exploradores do seu tempo.Apaixonou-se perdidamente por uma jovem inglesa de família nobre que lhe haveria de servir de modelo para criar as heroínas dos seus romances. Acabou por se casar com uma camponesa, Ida Peruzzi, de quem teve quatro filhos.
Toda esta vasta produção textual não lhe trouxe desafogo económico. Viveu os últimos anos da sua vida sem recursos, tendo-se suicidado em Turim, no dia 25 de Abril de 1911.
Um dos principais heróis dos seus livros é Sandokan, presente em diversos volumes:
 Sandokan Vence o Tigre da Índia
Sandokan na Ilha de Bornéu
Sandokan Reconquista Mompacém
Sandokam, Soberano da Malásia

Outros personagens, surgem, com idêntico vigor, em outros títulos, nomeadamente nos seguintes:
Os Pescadores de Pérolas
O Corsário Negro
Os Últimos Corsários
O Capitão Tormenta
O Tesouro dos Incas
O Escravo de Madagáscar
A Heroína de Cuba

Um dos livros mais interessantes é, sem dúvida, As Maravilhas do Ano 2000. Escrito nove décadas antes, fez sonhar gerações de leitores que se questionavam como seria esse mítico ano. Curiosamente, a maioria das antevisões foi ultrapassada, nomeadamente a velocidade das viagens aéreas mas outras, como a transmissão directa de notícias através da televisão, revelaram-se bastante acertadas. Outra curiosidade deste livro consiste no facto da narrativa terminar em Lisboa, local onde as suas personagens, vindas do passado, são hospitalizadas por não aguentarem o ambiente eléctrico que as rodeava. Dever-se-á salientar que, quando o livro foi escrito, a electricidade dava os seus primeiros passos, havendo quem argumentasse que a sua utilização produzia efeitos funestos para a saúde pública.

domingo, 19 de agosto de 2012

BREVE CRÓNICA DE UMA APRESENTAÇÃO ANUNCIADA


E foi assim, naquele fim de tarde de 16 de Agosto: uma Buchholz com a montra "engalanada" com exemplares laranja-acastanhados dos "Piratas" e um autor que, salvo outras opiniões, até foi o último a descer a escadaria para entrar na sala do evento.
Estavam lá os bons amigos, presentes; não puderam lá estar outros bons amigos, mas era como se estivessem presentes.
Ainda aguardo as imagens captadas pelos fotógrafos oficiosos.
Os jornalistas, autores, críticos, editores, investigadores e dinamizadores de BD, um autarca, dois escritores e um produtor de televisão, ouviram de Jorge Magalhães uma bem documentada resenha da vida e obra de Emilio Salgari e dos que, na BD, contribuiram para a divulgação da obra do escritor veronês, bem como uma retrospectiva do trabalho deste humilde autor de "Os Piratas do Deserto", mormente os seus inícios, em finais dos anos 70, no "Mundo de Aventuras".
Se eu não estivesse a 300 quilómetros de Lisboa - o que significa 600 de ida e volta - ter-me-iam em outros lançamentos e apresentações, porque se os nossos livros "sobrevivem" nas livrarias, os autores convivem nestas ocasiões.
Voltarei a 21, porque é nesse dia que ocorre a efeméride do 150º aniversário do nascimento de Emilio Salgari.
Até lá...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

EM 16 de AGOSTO TEMOS POR AÍ OS PIRATAS


É já depois de amanhã que é feito o lançamento de OS PIRATAS DO DESERTO.
Para que o único pirata (que serei eu) não fique no "deserto", gostaria de ter curiosos à minha volta, na Buchholz. Por agora, apenas deixo parte da capa (frente e lombada), mas ela tem contracapa e badanas. Numa das badanas está o rosto de um pirata (que serei eu) e algumas palavras sobre aquilo que já fiz e nenhuma sobre o que gostaria de fazer; na outra, uma breve biografia de Emilio Salgari, um dos escritores que me proporcionou os melhores momentos de leitura na minha juventude.
Suponho que esta obra, se fosse da autoria de - por exemplo - um Frank Miller, para além de ser muito melhor e mais apetecida, seria apresentada numa tenda de beduínos, algures erguida numa duna, perto de um oásis. O autor chegaria montado num camelo e, entre muitos goles de chá (que, aqui para nós, passaria por uísque), faria as suas dedicatórias.
Mas o autor não é Miller; é, sim, um modesto português, sem pachorra para beduíno, sem tenda para armar, com receio que este "oásis" onde nasceu não se transforme num deserto (graças a alguns "camelos" que muito contribuiram para isso) e mal inspirado com este texto que não se coaduna (com a duna) com o acto circunspecto que deve revestir a solenidade de um obra elaborada por um português, acreditada por uma Editora que, na BD, é como um oásis no deserto desta arte e tem feito por publicar trabalhos de qualidade.
À ASA e a todos os LEITORES, o meu mais sincero reconhecimento.

sábado, 4 de agosto de 2012

OS PIRATAS DO DESERTO - SESSÃO DE APRESENTAÇÃO


Peço desculpa por não ter falado mais cedo nesta publicação, mas preferi aguardar o convite que a Editora enviou e divulgou.
Não sei como falar do livro que eu trabalhei sobre uma obra de Emilio Salgari, porque também não sei esclarecer por que razão a minha especial apetência pelo escritor italiano. O certo é que ambos, a obra agora em apreço e o profícuo trabalho de Salgari, são do meu agrado.
Salgari nasceu em 21 de Agosto de 1862, pelo que o próximo dia 21 de Agosto, constitui a efeméride do 150º aniversário do seu nascimento. Pela minha parte, julgo satisfazer a vertente desenhada através de uma das obras escritas por um autor que empolgou muitos de nós na juventude. Para além disso, o deserto sempre me fascinou: a solidão das areias e das rochas; a metamorfose daquela vastidão em "ilhas" de oásis; a resistência das caravanas; as odisseias de aventureiros que ousaram atravessar as suas dunas; os nómadas e os camelos que, à compita, assumem as suas existências com tudo o que a vida necessita num lugar onde tudo parece faltar.
Esta Banda Desenhada, assumida desassombradamente pela ASA - desassombradamente, porque a Editora se assume na aposta em desenhadores portugueses -  é uma adaptação livre de um dos livros de Emilio Salgari, cuja trama gira em torno de uma busca heróica em torno de um acontecimento real, muito bem aproveitado pelo escritor veronês.
Espero que se sintam todos convidados; todos aqueles que sentem, como eu, a vibração de uma arte que é a mais antiga da Humanidade, pois banda desenhada já praticavam os primitivos habitantes das cavernas pré-históricas.
Espero e desejo que estejam comigo, no dia 16 de Agosto, na Livraria Buchholz. Para os que se derem à tentação de pesquisartem na net, não deixem de coinsultar:
http://www.leyaonline.com/catalogo/detalhes_produto.php?id=56216
Um agradecimento a todos os que, pretendendo lá estar ou impedidos de lá irem, estão comigo, com a BD e com a memória de um escritor que marcou muitas gerações. E um agradecimento aos meus colegas da blogosfera, mormente as da 9ª arte, por divulgarem este acontecimento.