Da minha colaboração no jornal "O Crime", principalmente em banda desenhada e ilustração, fiz vários episódios com figuras negras do crime nacional, entre burlões, regicidas, larápios e assassinos.
Diogo Alves foi um deles. Iniciado no número de 13 de Agosto de 1998, prolongou-se até 15 de Outubro do mesmo ano, com uma página semanal completa.
Porém, eu fazia os desenhos em prancha italiana, duas tiras na horizontal, pelo que a página exigia duas destas pranchas.
Em cima, por exemplo, está a parte superior da página 3, correspondente à prancha 5 e, em baixo, a parte superior da página 6, correspondente à prancha nº 11.
Trabalhava a mata-cavalos, pois a saída era semanal e apenas tinha adiantadas duas páginas (4 pranchas "italianas"); pelo meio, o director do jornal telefonava-me a pedir uma ilustração para determinado acontecimento criminal, a sair numa próxima edição, a fechar. Dava-me as indicações verbais e eu que me arranjasse, desde que fosse rápido (âs vezes tinha meia hora ou uma hora, no máximo), pois a notícia - que não tinha fotografia - precisava da ilustração.
Algumas dessas ilustrações foram parar à primeira página, o que queria dizer que as tinha de colorir.
Bons tempos!...
Só tenho a dizer bem do director, José Leite, bem como de toda a equipa, que sempre cumpriram o acordado, tal como eu.
Lembro-me de ouvir dizer a alguns amigos, que não liam O Crime - dois deles, salvo erro, o Magalhães e o Lino - o compravam só para seguirem a BD.
Sobre Diogo Alves e os seus crimes, só tenho a dizer que foi um facínora dos grandes (que mereceu, para além da minha Bd, de um livro escrito por Leite Bastos e de dois filmes, um de Lino Ferreira, em 1909 e outro de João Tavares, em 1911), trouxe Lisboa sob o terror, entre os anos de 1836 e o de 1839, altura em que lhe puseram uma corda à volta da garganta. Era conhecido pela alcunha de "O Pancada" e praticou, à luz do dia e da candeia, os mais ousados assaltos e os mais hediondos crimes. O cenário preferido era o Aqueduto das Águas Livres, utilizando a altura do Arco Grande para empurrar as vítimas para o abismo.
Voltarei com outro destes trabalhos, se não me der para fazer como os políticos: não cumprir o que prometo.