sábado, 20 de dezembro de 2014

ILUSTRAÇÃO PARA CAPA DE ÁLBUM

Por se tratar de um tema relativo ao Natal, reproduzo aqui a capa do álbum de BD que executei para o município de Aguiar da Beira, a qual reproduz uma passagem de uma das lendas ali inseridas, que tem a ver com a quadra. É uma lenda pouco comum em termos regionais, uma vez que não se insere nos temas das mouras, toponímia ou religiosidade, muito comum no País e na tradição popular. É, antes, uma lenda que nos traz a memória da Guerra Peninsular e a maneira como um soldado do exército francês se perdeu por aquelas terras e a forma como o receberam. O título é "O Invasor Perdido" e mereceu a capa.
Esta mesma lenda já tinha sido levada à Monografia de Aguiar da Beira, na versão da 2ª edição, da minha autoria, para um livro de 536 páginas, todo  a cores e em papel couché.
O original, do qual extraí esta folha, tem dimensões maiores, mas é para isso que existem as fotocopiadoras laser, pois o meu scaner  só aceita padrões abaixo do A4.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

DESENHAR AUTOMÓVEIS - 4

Na série de BD's publicadas em O Crime, desenhei muitos automóveis, porquanto as cenas reais, em alguns casos, reportavam para determinadas marcas e modelos; outras vezes, sem indicação de pormenores atinentes a isso, eu próprio ilustrava com aqueles que mais me davam na gana.
Nesta peça, estraio de meia prancha (ou, como queiram, de prancha italiana, na horizontal), a primeira vinheta onde, com o pormenor do aqueduto ao fundo, se cruzam (cerca de 1975) um Peugeot 203 e um Ford Cortina, para a série que se intitulou "O Zé da Tarada".

 
 

Quando eu escrevi acima "cenas reais", quero dizer que a cena desta prancha inconclusa se passou na realidade.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

DESENHAR AUTOMÓVEIS - 3

Durante 15 anos editei e dirigi uma publicação anual, formato  16,5 x 23,5 cm, intitulada "O Bandarra-Almanaque Anuário de Trancoso", livros impressos a cores em papel couché, com 224 páginas, que constituíam um repositório de investigação histótica, etnográfica, lúdica, banda desenhada, ilustração e, naturalmente, uma página por cada mês dedicada ao respectivo calendário, apropriado ao subtítulo almanaque.
Esses livros foram feitos em parceria com o Município, com uma tiragem média de 1.000 exemplares e interrompi - por decisão apenas minha - no ano de 2003. Alguns dos números encontram-se esgotados e há quem adquira os primeiros, como raridades bibliográficas, por preços exorbitantes.
Ora, este arrazoado vem a propósito de, no número de 2003, abrir a página de cada mês com um automóvel, enquadrado junto a um monumento local. São aguarelas aplicadas em cor directa sobre o lápis ou esquiço, de dimensões naturalmente superiores à impressão.
Foi sempre hábito meu, abrir em cada ano, os meses com uma ilustração (minha ou alheia) e, neste número, fiz o gosto ao dedo.
Hoje seguem, para além da capa da publicação, os seis automóveis correspondentes aos primeiros 6 meses do ano, após scanner passado por um exemplar impresso (retirado o texto relativo ao mês) e não pelos originais, que são grandes.






domingo, 7 de dezembro de 2014

DESENHAR AUTOMÓVEIS - 2

Neste lugar tenho deixado algumas confidências quanto à forma como trabalho em desenho e, por vezes, também em texto. Um e outro, são maneiras diferentes de aplicar a minha disponibilidade, porquanto comecei a desenhar aos quatro anos e a ler e escrever aos cinco, porque frequentei uma pré-escola particular em Alverca (do Ribatejo) antes de entrar na escola primária. No desenho, sei que rabiscava comboios e automóveis, enchendo as margens dos livros de meu pai, aqueles espaços em branco não cobertos pela mancha impressa. Uma locomotiva com as suas carruagens dava a volta à página inteira, não esquecendo o fumo da chaminé.
Porventura essa "forçada" aprendizagem precoce, entregue a uma professora já aposentada que se fartava de puxar as orelhas a meia dúzia de alunos a seu cargo, despertou-me o gosto de, ao longo da vida, desenhar e escrever ou fazer as duas coisas concomitantemente.
A propósito, quero dizer que nunca - mas nunca - me ocupo de um só trabalho de cada vez; ainda que haja um que me exija mais atenção e prazo, tenho de ter um outro de reserva, para não "enfastiar".
 
 
Posto isto, deixo mais uma imagem de um prancha adaptada de um trabalho publicado em outro formato sobre o "Estripador". Aproveitei a oportunidade de os inspectores terem de interrogar o dono de uma oficina, para pespegar em primeiro plano um "carocha" em mau estado.
A vinheta solitária acima, está na prancha abaixo.


 
Já me deu a ideia - e quando estava a escrever este post, aterrou mais uma vez - de pegar nuns acrílicos e numas telas e pintar quadros com automóveis de sucata, abandonados. Ainda não o fiz porque o que mais me chateia na pintura é ter de arrumar a tralha e lavar os pincéis.
Não sei por quê, como já afirmei aqui noutra oportunidade, há uma certa nostalgia quando me deparo com algum automóvel que já teve esse nome.
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

COLORIR SOBRE PAPEL


Nas idas e vindas que efectuo ao arquivo onde guardo os trabalhos, o qual, tal como o meu escritório, se encontra no rés-do-chão da minha moradia, encontrei esta prancha, que mais não é do que uma adaptação que, há dois anos, fiz de uma Bd por mim publicada em "O Crime", sobre a vida aventurosa de Maria Feliz, chefe de um bando de assaltantes (mas não assassinos), que eu ficcionei de maneira a emprestar-lhe algum humor.
Para os mais atentos, lembro que estas imagens já surgiram neste blogue, com outros enquadramentos e formato, para além de coloridas em "photoshop".

Ora, é aqui que eu quero chegar. Esta ilustração que acima surge, não está - como soe dizer-se - editada e composta em computador, a não ser o scanner e o lettering. São três vinhetas, sendo a inferior, a maior, aquela que foi colorida com aguarela, a pincel; a primeira ainda levou uns retoques da tinta e por aí se ficou a prancha.
A determinada fase dos meus trabalhos como colorista com água e tinta (aguarela e guache) exercitei fazê-lo em papel encorpado, com alta gramagem, sobre mancha a preto impresa em impressora laser. O preto mantém-se e a tinta do original fica nele, sem nos causar problemas em esborratar.
Entendo que devo falar das minhas experiências na "técnica" que emprego nos meus trabalhos, pois tal disponibilidade pode servir para quem inicie ou necessite de esclarecimentos atinentes. Deixo a ressalva que, por outro lado, estas explicações possam avisar os mesmos iniciantes para ficarem a saber como "não se deve fazer".
Infelizmente para mim, nunca tive aulas de desenho, a não ser aquelas obrigatórias no liceu, onde aprendi pouco, que pouco me serve. Há, pois, muito diletantismo, experiência, tentativa de acerto e erro, ou vice versa, e é com franqueza que explico esta minha fraqueza.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

"A VIAGEM DO ELEFANTE" de JOÃO AMARAL

Trago hoje a este meu blogue um livro que considero de grande valia, por três razões e mais uma.
As três razões são: é uma obra que aborda um tema histórico, tanto do meu agrado; ter sido escrita pelo maior escritor português contemporâneo, que também é do meu agrado; ter sido adaptada e desenhada pelo execelente desenhador e autor de Bd João Amaral, que igualmente me agrada ler e ver mais uma vez. A outra razão, a "mais uma", prende-se com o facto de que é a primeira vez que José Saramago tem um livro seu adaptado a Banda Desenhada em Portugal (e possivelmente no resto do mundo).
Não faltou coragem ao João, para decidir esta adaptação, que mereceu elogios da Pilar, porquanto é uma obra exigente em termos de pormenores de época, que ele soube respeitar.



Não tenho qualquer dúvida de que "A Viagem do Elefante", em boa hora aproveitada pela Porto Editora, nesta versão, trará mais leitores para a obra de Saramago, assim como trará mais apetência de leitores para a Banda Desenhada.
O João é um Autor com grande capacidade de trabalho, que alia a simplicidade de comunicação, a amizade, a mestria com que elabora as vinhetas, o tratamento da cor e tudo o mais que consta da sua obra, de que esta constitui um dos expoentes, a uma bonomia e disponibilidade que nos garante que é um grande entre os grandes autores contemporâneos portugueses.
Mas não é só isso. É um autor dedicado à Banda Desenhada, presente em certames e lançamentos (de que o do meu livro é exemplo), acompanhado da esposa, a Cristina Amaral, que é uma excelente fotógrafa e, naturalmente, um apoio sempre necessário a quem dedica muito tempo a esta arte.



 
 
É um álbum com certa envergadura, essencial numa estante; direi que é uma excelente hipótese para quem o adquirir, para si, pensar também em aproveitar o ensejo para adquirir outro ou outros exemplares para oferta a amigos e familiares.
Tenho o grato prazer de deixar este post, porque o João não é um concorrente, mas um bom amigo e um bom companheiro de jornada nestas artes.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

DESENHAR AUTOMÓVEIS - 1

Tem-me servido este blog como repositório de trabalhos conluídos e inconclusos, esparsos, memórias, publicações, investigações e outras tarefas que realizei sobretudo com prazer. A escrita, a ficção, a investigação histórica, o jornalismo e a banda desenhada resultam de ferramentas inatas que eu utilizo com maior ou menor primor, suadas algumas, nenhuma ao ponto do sacrifício.
Eu gosto de desenhar automóveis. Com três ou quatro anos de idade desenhava comboios e automóveis, obviamente tão estilizados como o são os desenhos de crianças dessa idade e de alguns autores vanguardistas que querem fazer da BD uma "picassada" modernista.
Por isso, a peça que hoje levo a este meu espaço de arquivo. Sim, porque é um arquivo que eu disponibilizo a quem o queira ler ou ver, sem me importar se são muitos ou poucos, se apreciam ou
vilipendiam o estendal que aqui deixo ao "relento".
Como gosto de desenhar automóveis, o paradoxo é pretender desenhá-los em fim de vida - vulgo sucatas - tendo-o feito em algumas BD's.
É o caso desta prancha de vinheta única, que hoje aqui coloco, perdida entre outros papéis, pois que perdida a função que ela tinha na série que desenhei sob o título genérico "Se o meu carro falasse...".
Trata-se de um trabalhosem retoque final, executado com marcadores de diversas espessuras.
Um automóvel abandonado tem muitas histórias para contar.
Quando as vemos perdidas e abandonadas num espaço isolado ou em parque de sucateiro, há ali uma nostalgia que me prende particularmente a essas viaturas e imagino as alegrias dos seus proprietários na primeira viagem que fizeram com elas, os amores e desamores passados nos seus habitáculos, as peripécias e as contravenções, naturalmente assacadas à fragilidade humana, ao longo de milhares de quilómetros.
Voltarei com outros automóveis em artigos que intercalarei, porque para além de fazedor deste blog, sou o seu assíduo leitor.