segunda-feira, 25 de abril de 2016

RASCUNHOS OU ORIGINAIS?




Há muitas formas de desenhar, assim como há muitos estilos, tendências e práticas de grafismo. Por isso, há originais que parecem esquiços ou rascunhos, assim como há rascunhos que se elevam como originais.
Nunca me preocupei em classificar o que faço, o estilo (se é que possuo algum), mas as influências de outros autores do passado - ou até do presente - podem permanecer em pormenores, ainda que pequenos.
Em alguns trabalhos, enquanto inéditos, tive o cuidado de colher opiniões entre familiares e amigos, apresentando os desenhos nas versões de "rascunho" e "limpo". E houve quem preferisse um e quem gostasse mais do outro.
É evidente que há muitas formas de contar uma história em sequências desenhadas...

quarta-feira, 20 de abril de 2016

BD- HORIZONTAL E VERTICAL


Depois de ontem ter referido este trabalho (que tem mais de 20 anos), feito em pranchas horizontais, hoje exponho a continuidade da sua adaptação ao formato vertical de 3 tiras, através da prancha 2, com a imagem da mesma no formato original, na altura meia página inferior da publicação.
Dá-me gozo fazer estes exercícios, pois modifico aquilo que é meu, segundo a minha vontade.
Quando publiquei a série "Bandoleiros Portugueses" ainda não possuía as ferramentas adequados para tais acertos, a não ser tesoura e cola, o que hoje faço com outras garantias digitais.

terça-feira, 19 de abril de 2016

BD - O BANDO DO CACA


Como eu nunca me dediquei a super-heróis, coisas que só vingam através de super editoras anglo-americanas, limitei-me a divulgar as execráveis vidas dos super-marginais, de que é exemplo o Caca, através da série que publiquei em "O Crime" ao longo de onze semanas.
Uma vez que as pranchas eram no sentido horizontal, com duas tiras, formando uma página vertical de quatro tiras, "alindei" e modifiquei a coisa de forma a transformar o horizontal em vertical, naturalmente tendo de mexer na imagem.
A que reproduzo aqui é meia página do que saiu no jornal, convertida em uma página que encaixa num formato de álbum A4 ou semelhante. E trata-se do início da "vida" daquele bando, numa época em que os trabucos e outras armas congéneres ditavam as leis no interior longínquo do país, que não era só pequeno em território.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

ENCICLOPÉDIAS ALEGRES (5) - IMPOSTOS


CONTRIBUIÇÃO DE MANEIO. Com a extinção da Décima Militar, que vigorou desde 1641 até 1845, foram criadas efemeramente três contribuições directas de repartição: a contribuição predial, a contribuição pessoal e a contribuição de maneio.
A esta contribuição de maneio, criada por Carta de 19 de Abril de 1845, sem necessidade de recurso a geringonças ou maioria encavalada e para lamentar, ficavam sujeitos, ao lado dos rendimentos provenientes do emprego de capitais, os derivados do trabalho, ficando unicamente isentos os membros do corpo diplomático e consular, os indigentes e os jornaleiros classificados como tal e os vencimentos pagos pelo Estado, bem como o exercício de uma ou mais profissões apenas durante três meses de um ano económico. É claro que, se houvesse na altura refugiados, seriam abrangidos os que trouxessem na mochila apenas uma escova de dentes, um espelho e a chave da porta da casa abandonada; e, como é natural, todos aqueles que tivessem contas caladas entregues aos “offshores” propostos pelos índios chibchas, caribes, cholos e chocões, que já estavam preparados no Panamá para essas coisas desde que Colombo estabeleceu, com a descoberta em 1502, um paraíso natural, que depressa virou fiscal.
Por cá, reino europeu, a tributação era feita através de declaração do contribuinte – moda que pegou até chegar ao IRS – entregue no regedor da freguesia, que estava sempre a marcar em cima, seguindo para o Comissário das Contribuições e para o arrolamento ou matriz, e findava no Administrador do Concelho. Passando por todos estes crivos, seria natural que chegasse à base tributável por um valor inferior ao indicado na declaração. Não me parece que isso acontecesse, entrando na roda um regedor, um comissário e um administrador concelhio, cada um arredondando para cima.

domingo, 10 de abril de 2016

HOMEM VELHO E MULHER NOVA




Este conto faz parte do 2º volume dos "Contos de Amor e Drama", já editado. Começa assim (o final é imprevisto):

O senhor morgado de Monrelvado sentiu, certo dia, grande paixão por uma moça de lavoura, de família humilde. Desde essa altura, e a acreditar nas vozes do povo, "não comeram os seus olhos outras sopas".
D. Ramiro era descendente de uma família originária de Espanha, que teve o seu solar nas montanhas de Santander e que passou a Portugal em 1559 pelo casamento de um dos seus ramos com Inês Bordoejo de Pina, senhora de honras e padroados. Deste casamento nasceu o seu mais ilustre representante, um tal Martim Eanes Bordoejo de Pina e Zabro, a quem o rei coutou uma valente herdade no Norte do País, embora fosse vergonhosa e pouco digna a atitude daquele nobre na crise de 1580 e durante o domínio espanhol.
D. Ramiro de Pina e Zabro, o nosso morgado, era, por assim dizer, o último representante da estirpe, decadente em privilégios nobres e em título, ninharias que nada valiam para o seu sustento. Tinha, em contrapartida, bastantes bens de raiz em propriedades rústicas, que davam uma renda valiosa e que constituíam fonte de receita na venda em retalhos a emigrantes e novos ricos.
No velho solar também ostentava o seu brasão, impresso igualmente no armorial com a cor de prata no escudo, um leão rampante de ouro e um monte escarpado de sua cor; como timbre, o mesmo monte vulcânico saindo-lhe da boca um ramo de pinheiro verde. Daí o povo designar o morgadio como do Monrelvado com o significado de monte relvado.
A verdade é que D. Ramiro já tinha a sua conta de anos, perdidos naquelas brenhas da serra, sem um amigo, sem outro alguém que tivesse interesse pela sua sorte; pior, sem herdeiro que o continuasse e perpetuasse a estirpe.
Como quer que fosse, não se podia subtrair a nova paixão, mesmo que esta se encontrasse — como se encontrava — no círculo plebeu de um seu rendeiro.
— Mulher bonita nunca é pobre — filosofava satisfeito o apaixonado.
Como era homem reservado, o morgado chamou o seu caseiro Joaquim para o encarregar da incumbência nupcial. Recomendou a este moderação na tarefa, bom trato de língua, ausência de espalhafatos e nenhum alarde. Vestiu o homem com fato de corte inglês, engravatou-lhe os colarinhos da camisa e despachou-o para a missão.
— Tem bom gosto, o velhadas! — apreciou depois o caseiro, no café, com um grupo de amigos.
— Aquilo é olho de cigano. Para ser sincero, não dou fé, ao redor, de perna ou anca que se compare à da Beatriz.
— E aquela cara, oh Joaquim!
— E aquela cara! — concordou apreciativamente um dos amigos.
— Para mim, o melhor dela ainda são os peitos — dizia outro, oscilando as mãos, em concha, para baixo e para cima.
— São tal e qual os daquela loura de cabelo curtinho que era casada com o Stallone.
— Mal empregadinha para este enxalmo. 

sábado, 9 de abril de 2016

ENCICLOPÉDIAS ALEGRES (9) - BRUXAS



IBA. Mais uma entrada que não se justificaria neste tratado, porquanto “ainda” não foi proposto pelo centro de estudos fiscais um imposto que tribute as manifestações e práticas a título oneroso por parte das bruxas, feiticeiras, quiromantes e fauna vária. Até porque a sigla, que causa certa homofonia com outro avatar pronunciado à moda do Porto, como é o IVA, que já tributa – e bem – as transacções em todas as suas fases, desde a nascente até à foz, causa algumas sensações de comichão económica.
IBA seria suposto tributar rendimentos obtidos nas práticas, significando imposto sobre bruxarias aplicadas.
IDENTIFICAÇÃO. Apesar de a Inquisição ter dado baixa da actividade há muito tempo, o certo é que as bruxas continuam a viver numa quase clandestinidade. Para as reconhecer, caso alguma delas entre na casa de alguém – e a dona ou o dono da casa quiserem ter a certeza de que a visita pertence à estirpe - deverá esconder uma vassoura atrás da porta, virada ao contrário. A bruxa não conseguirá sair.
O mesmo efeito parece obter a pataqueira versão de um banco virado de pernas para o ar.
Com a mesma eficácia, uma navalha espetada na sombra da bruxa, fará com que esta fique tão imóvel como a estátua do Marquês de Pombal na sua rotunda.
Em tempos idos, para se determinar se uma mulher era ou não bruxa, atava-se de pés e mãos e deitava-se num lago de águas fundas: se mergulhasse, era bruxa; se flutuasse, não era. É claro que nem me vou dar ao despropósito de insultar a inteligência dos leitores ao dizer para que lado pendia a percentagem do sim e do não.
Quando virem uma amazona montada ao contrário… pimba! É bruxa. E se encontrarem numa encruzilhada uma porca com leitões de cor escura, aí vai uma bruxa disfarçada. Convém, neste caso, não a confundir com a “porca” da política, reconhecida já pelo finado Rafael Bordalo Pinheiro e disfarçada com outros adereços mais subtis, designadamente os leitões que a seguem, sempre ávidos da teta e malas Louis Vitton.
Na heráldica, nada se encontra sobre bruxas. Nada mesmo. Se houvesse, talvez estivesse assim esculpido em brasão: escudo lavrado em campo de preto e esquartelado de caveiras com a dentição completa, sapos ou outros motivos atinentes, tudo em campo polvilhado com pós de perlimpimpim. Em chefe, uma vassoura ou uma varinha mágica (sem ser das de passar o cozinhado), consoante a casta.
De qualquer forma, sem menção do registo da actividade, não consta que a profissão das ditas possa vir a constar no Código das Actividades Económicas ou na lista das profissões liberais anexa ao código do IRS. Logo, sem cartão profissional, sem descontos para a Caixa de Previdência, sem impostos retidos na fonte e outras alcavalas que levariam mais de cinquenta por cento dos seus rendimentos mensais. Poderão descontar por outros “hobbies” que tenham em concomitância, como será alguma colocação em organismo público ou privado.
Como é de direito, será certo que terão bilhete de identidade ou cartão de cidadão, cartão de crédito, cartão do “Continente” e número de contribuinte. Mas isso toda a gente tem!
IMPOSTOS. Se já não escrevi isto atrás, é porque vai ser escrito adiante ou, para não reler o escrito, deve ter sido referido antes e depois desta entrada que fala dos impostos e a sua relação com as bruxas.
Escusado será dizer que na Idade Médio, a alta e a baixa, bem como nos períodos que se seguiram, mormente com a Inquisição, as bruxas pagavam os impostos após a morte: todos os seus bens eram confiscados. E os herdeiros, mesmo assim, ainda pagariam a “lutuosa” ao senhorio ou ao rei, imposto que se calculava segundo os bens do defunto.
No entanto, tenho de dizer que as bruxas não tinham impostos especiais pela actividade, que era naturalmente considerada prática criminosa e contrária aos ensinamentos religiosos. O único imposto que indirectamente estariam sujeitas era a “baluga”, curioso tributo fixado generalizadamente em três arráteis e meio de cera ou quatro soldos, pela alcavala com o nome de “ossas”, se enviuvassem e pretendessem casar de novo. Emendo: havia um outro que certamente lhes cobrariam, que era a “talha”, pois deste imposto ninguém se livrava… E era cada talhada! Tratava-se de uma contribuição extraordinária – como há hoje tantas para acorrer aos mesmos efeitos – cobrada aos que tinham, aos que não tinham e aos que fingiam não ter, para suprir falhas do erário régio quando qualquer acontecimento originava falha de dinheiro superior às necessidades. Livravam-se da teia as que escondiam o “pilim” na enxerga de palha ou as que se prevenissem com uma “offshore” recambiada por qualquer coisa semelhante aos Mossack & Fonseca do Panamá.
As bruxas de hoje, livres da infeliz cobrança “post mortem”, não se livram do leque de tributos do espectro fiscal. Basta lembrar que um simples instrumento de trabalho, como a bolinha de cristal, vem facturada com vinte e três por cento de IVA. E, mesmo que a sua actividade fosse enquadrada no regime ilícito, lá está o código do IRS que, logo no articulado a abrir engloba todos os rendimentos, “mesmo quando provenientes de actos ilícitos”.
INQUISIÇÃO. Como sabem, esta dita tinha tribunais a funcionar tal qual o novo mapa judiciário português, com a ressalva de que, comparados com os actuais meios de justiça seculares, eram muito mais laboriosos, não tinham férias judiciais e os processos decorriam com mais celeridade até ao trânsito em julgado.
Esta “piedosa” instituição justiceira não se coibia de purificar as julgadas bruxas e feiticeiras numa purificadora fogueira. Costumavam castigar pelo fogo quando actualmente se deixa em liberdade quem o ateia.
Como sinais exteriores da profissão, a posse de um gato preto era evidência da fatal sina. Por essa razão, os bicharocos eram também ferozmente perseguidos, tanto mais que muita gentinha via neles uma bruxa metamorfoseada. A coisa deve ter chegado aos nossos dias e, para não deixar morrer a tradição, ainda se leva à cena em Vila Flor a queima do “gato vivo”.
Fácil será calcular que muita gente (e muito felino) morreu injustiçada, vítima de perjúrios, falsos testemunhos e quebra do segredo de justiça.
Sem a Inquisição, o povo passou a julgar à sua maneira, como é costume saber-se através dos entrevistados populares pela televisão sobre casos ainda não julgados. Mas não é só de agora!...
Em Oliveira de Soalhães (Marco de Canaveses), corria o ano da Constituição de 1933, quando os habitantes queimaram uma pobre chamada Arminda de Jesus, só porque acreditavam que ela “tinha o diabo no corpo”. Ainda bem que a tradição, neste caso, não pegou, pois com “o diabo no corpo” há para aí muita gentinha…
Se a Inquisição reaparecesse – batam três vezes no madeiro – com a proliferação das novas bruxas, feiticeiras, benzedeiras e adivinhadeiras, decerto decretaria o estado de sítio e colocaria os tanques na rua.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O CRIME DE ANA DAS DORES


Este conto, a publicar no 4º volume de Contos de Amor e Drama (já estão publicados dois volumes), respeita a uma passagem da primeira versão do livro  "O Padre Costa de Trancoso", que retirei (assim como outras), para dar à obra uma versão mais "soft" da vida aventurosa do sacerdote que fez gerar 299 filhos em 53 mulheres. Procurei, mesmo assim, deixar uma leitura suave, para todas as idades, dando vazão à imaginação e ao enquadramento da figura entre a lenda e a realidade.
Por isso, apenas reproduzo a seguir a primeira das sete páginas deste conto (o mais pequeno entre todos os que estão neste volume e escrito sob o famigerado Novo Acordo Ortográfico).


Manhã cedo, nesse dia de junho de 1468, quando o padre Costa de Trancoso penetrou na igreja, encontrou a lamparina de azeite que alumiava a Virgem tombada no chão da laje e o seu conteúdo derramado. Quedou imóvel por um instante, olhando fixamente para os estragos. Alguém tinha deixado uma porta aberta e provavelmente um gato tinha ido lamber o azeite da lamparina. De resto, não parecia existir o argumento do roubo, pois o azeite encontrava-se derramado e desperdiçado no chão.
E por aí parou com as suas suspeitas, decidido a mandar repor a lamparina acesa, quando um homem do povo entrou no templo e se acercou dele. O padre reconheceu o recém-chegado como sendo Fernão Pardo, o alquilador, alugador de bestas de carga, que se encarregava da venda dos burros na feira. Era conhecido por muitos hábitos, uns bons e outros maus, sendo que um dos piores era a sua coscuvilhice e propensa esdrúxula para a mentira.
— Vossa Reverência sabe o que se passou aqui na igreja?— inquiriu, retorcendo o barrete nas mãos.
— Não.
— Pois então eu digo. O caso é muito sério. Eu vi com estes que a terra há de comer, por mal dos meus pecados; antes não tivesse visto.
— E o que viste, homem?
— Pois eu vi e sei quem foi. Não sei o nome, mas sei quem foi.
A ideia de saber quem tinha derrubado a lamparina do azeite – e decerto seria disso que o labrego ia falar – deixou o padre à beira de descobrir o mistério.
— E sabes quem foi que derrubou a lamparina do azeite?— inquiriu. — Dize!
— Que lamparina de azeite? Eu não sei nada sobre a lamparina!...
— Ó miserável sandeu! Por que me hás de enganar?
— Não vos enganei— exclamou confrangido o pobre homem.
— Dizem-me que és um mentiroso e um maldizente, mas não vou tolerar que me venhas para aqui com patranhas.
— Saiba Vossa Reverência que não vos conto patranhas nem mentiras. Eu vi quem roubou o Menino.
Ao mesmo tempo que dizia isto, apontava para a imagem da Virgem. O padre Costa seguiu a indicação e, de facto, reparou, com estupefação, que a imagem do Filho da Virgem não se encontrava no seu regaço, como sempre lá esteve desde que ele se lembrava.
O alquilador prosseguiu contando que tinha visto uma mulher entrar na igreja e aproximar-se do altar da Virgem e a vira sair com um volume no regaço. Perguntou-lhe se levava ali alguma coisa tirada do sagrado templo, e ela negou, abrindo um pouco a véstia para que ele visse um toro de couve. O padre quis saber o nome da mulher e o alquilador prometeu-lhe averiguar, pois sabia onde ela morava, mas não a sua graça e quem era.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

NOIVA EM PERIGO


"Noiva em Perigo" é o título de um dos 28 contos que constam do 3º volume de "Contos de Amor e Drama", a próxima publicação desta série. Trata-se de um conto em que a noiva é raptada na véspera do casamento... pelo próprio namorado.

terça-feira, 5 de abril de 2016

ENCICLOPÉDIAS ALEGRES (8) - BRUXAS


HALLOWEEN. Palavrão anglo-saxónico que pretende identificar como Dias das Bruxas um costume Americano herdado do irlandês, com lugar marcado a 31 de Outubro de cada ano, véspera de finados. É a noite em que se supõe ter sido concedida autorização aos espíritos dos defuntos para fazerem um derradeiro passeio antes da entrada do inverno.
As crianças celebram esta passagem vestindo trajes de fantasia e andando de porta em porta a pedinchar doces e rebuçados sob a futre ameaça do trick or treat (partida ou tratamento, que eu traduzo à portuguesa por tricas ou tretas).
É um mau período para as abóboras que, depois daquela onda do grupo Smashing Pumpkins (Esmagando Abóboras), são esventradas do conteúdo, com a casca retalhada em forma de carantonha para albergar velas acesas no seu interior – perversidade para ser considerada numa futura Sociedade Protectora dos Vegetais.
HARRY POTTER. Para se saber como actuam as bruxas e feiticeiras, o melhor é mesmo passar os olhos pela leitura, ainda que em diagonal, dos livros da série Harry Potter, com autoria da escritora inglesa Joanne Rowling. Presume-se que não tenham o conteúdo e os efeitos de uma obra mais técnica e emblemática, como é o Livro de S. Cipriano, mas poderá auxiliar em pormenores mirabolantes, metafísicos e tão consistentes como a maior parte das obras subsidiadas pelo Instituto do Cinema e Audiovisual.
Nessa obra fica-se a saber que se dá o nome de muggle àquele trouxa que não domina as artes mágicas, e que um jogo de vassouras enfeitiçadas (as tais que substituem os mais rápidos Falcon) se chama quidditch, e ainda que é um dementor o fantasma que tira a felicidade a qualquer ser vivo (do tipo primeiro-ministro).
HORÁRIOS. Embora não se constituam como profissionais por conta de outrem, nem consta que passem recidos verdes (como a maior parte de alguns profissionais liberais), as bruxas não picam o ponto de entrada no serviço, mas regem-se por um calendário muito próprio, do qual não conseguem escapar com um banal atestado médico.
Sendo assim, logo que soem as duas horas da madrugada do turno nocturno, perdem os poderes do malefício e os benefícios daquele.
Pela meia-noite reúnem-se numa casa com os cabelos untados de azeite. Por vezes, assim maquilhadas, viajam até Sevilha depois de dizerem a senha – por cima de silvas e por baixo de giestas. Não sei explicar o que esta patacoada quer dizer, mas sei que elas, nessa altura, para se livrarem dos maridos e não os acordarem, benzem os coitados desta guisa: “eu te benzo meu belzebu,com a fralda do meu cu; enquanto eu não vier, não acordes tu”.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

BANDA DESENHADA - Bandoleiros Portugueses



Foi em 24 de Julho de 1997 que saiu, na série Bandoleiros Portugueses, a primeira das muitas pranchas, da minha autoria, que publicou "O Crime".
Tive alguma dificuldade na montagem da imagem acima, uma vez que a página do jornal tablóide não passa inteira no scanner A4, pelo que foi necessário montá-la depois de duas passagens parciais.
Como eu desenhava cada página em duas pranchas, a A e a B, no jornal também tinham que fazer essa montagem. A legendagem era feita à mão e as histórias tinham continuidade semanal.
No topo das pranchas aparecia um texto, sendo que me cabia fazer o da primeira, continuando esse serviço a ser feito na Redacção do periódico, necessariamente resumindo as passagens anteriores, para os leitores não perderem o fio à meada.