domingo, 22 de abril de 2018

O BANDO DO CACA- Primeiras pranchas

Este foi um dos trabalhos publicados em "O Crime", embora tenha utilizado outros enquadramentos e outra arrumação das tiras (que eram quatro por prancha). Na altura, os balões eram desenhados à mão, o que foi reconsiderado neste "arranjo" e trabalho que fiz vai para quatro anos.
Como se baseia em factos reais ocorridos no séc. XIX, a pouca ficção e diálogos não permitiu que o enredo se expandisse. É natural que, caso venha a pegar na história, me surja a oportunidade de fazer o que mais gosto: criar ficção dentro da realidade.
Do total já executado, vão apenas quatro pranchas.



5 comentários:

  1. Bom dia caríssimo amigo

    Nem de propósito.
    Muito recentemente adquiri um livro com o título "Os Marçais de Foscoa" escrito por Rafael Marçal no ano de 1934.
    Na página 61,e a propósito do guerrilheiro António Marçal,podemos ler:"Chega ao seu conhecimento que em Lamego estão concentradas as quadrilhas miguelistas, sob o comando do Visconde da Várzea, que tinha como facas de mato os terríveis Cacos, pertencentes a uma família daquela cidade que deu que falar pelas suas atrocidades".
    Passe um excelente dia.

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    1. Caríssimo Amigo
      Dr. José Avelino

      Os Cacos de Lamego eram apaniguados do tal Visconde da Várzea e eram naturalmente de Lamego.
      O "Caca" terá sido guerrilheiro miguelista (digo terá sido, porque o roubo e a extorsão eram a sua causa), enquanto os seus figadais inimigos, os Brandões de Midões se diziam liberais (com a causa flibusteira semelhante à do Caca).
      Este Caca chamava-se António da Costa Macário e tinha sido alfaiate.
      De entre os títulos publicados em "O Crime" desenhei os Marçais de Foz Côa (tendo lido o livro do Rafael Marçal, que "limpou" a imagem dos familiares e outras obras), não tendo esquecido o algarvio Remexido, o João Brandão de Midões, o Pires da Rua (da aldeia da Rua, concelho de Moimenta da Beira) e José do Telhado (da aldeia do Telhado, freguesia de Castelões de Recezinhos), para além de outros. Um deles foi o "Bando do Caca" (António Macário), que era composto pelos "Garranos", então figadais inimigos de Manuel Brandão e dos outros de Midões, e neste referi o hediondo crime do abade de Matança (Fornos de Algodres), a quem cortaram as orelhas.
      Lembro-me que, para esse capítulo negro da Matança, desenhei o dólmen, que eu conheço. Quanto ao crime, hediondo na forma e na cobardia, culminou com os ditos cortes das orelha, um dedo e com o arrancar do coração, tendo antes obrigado o sacerdote a andar de joelhos pelas ruas.
      Mas não foi o único sacerdote vítima desta gentalha; o Padre Manuel de Oliveira, de Fajão, também ficou sem orelhas e sem a vida.
      Procurei seguir obras sobre estas personagens, tais como Sousa Costa e "Os Assassinos da Beira", de Joaquim Martins de Carvalho, redactor de "O Conimbricense".
      Um grande abraço

      Santos Costa

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    2. Os anos conturbados do século XIX, a guerrilha civil vivida,o desamparo das instituições, são riquíssimos "alfobres" para boas histórias.
      Parabéns por "beber" muitas das suas "obras primas" nessa época.
      Como sabe, estou a bisbilhotar os restos do arquivo do Tribunal da Covilhã.
      Estou a encontrar coisas interessantíssimas para a história destas gentes.
      Um processo de femicídio passado na Aldeia do Souto,em 1860.
      O réo, agricultor abastado,talvez porque andasse com ciúmes da mulher, numa tarde do mês da março, dá-lhe com uma sachola na cabeça.Raspa-se para Espanha,o corregedor da Covilhã pede a sua extradição e este é capturado, para cumprir trabalhos públicos para toda a vida, no Ultramar.Assim o determinou o acórdão da Relação de Lisboa de 2 de junho de 1863.
      Uma guia de marcha para cumprimento do degredo(em perfeitíssimo estado de conservação)a que réo Joaquim Correia do lugar de Quadrazais, foi condenado pelo juiz do Sabugal, em audiência geral de 2 de maio de 1863, pelo crime de furto....
      As histórias nuas e cruas de uma região e de um povo, pela pena dos escrivães.
      Um grande abraço.

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    3. Os anos conturbados do século XIX, a guerrilha civil vivida,o desamparo das instituições, são riquíssimos "alfobres" para boas histórias.
      Parabéns por "beber" muitas das suas "obras primas" nessa época.
      Como sabe, estou a bisbilhotar os restos do arquivo do Tribunal da Covilhã.
      Estou a encontrar coisas interessantíssimas para a história destas gentes.
      Um processo de femicídio passado na Aldeia do Souto,em 1860.
      O réo, agricultor abastado,talvez porque andasse com ciúmes da mulher, numa tarde do mês da março, dá-lhe com uma sachola na cabeça.Raspa-se para Espanha,o corregedor da Covilhã pede a sua extradição e este é capturado, para cumprir trabalhos públicos para toda a vida, no Ultramar.Assim o determinou o acórdão da Relação de Lisboa de 2 de junho de 1863.
      Uma guia de marcha para cumprimento do degredo(em perfeitíssimo estado de conservação)a que réo Joaquim Correia do lugar de Quadrazais, foi condenado pelo juiz do Sabugal, em audiência geral de 2 de maio de 1863, pelo crime de furto....
      As histórias nuas e cruas de uma região e de um povo, pela pena dos escrivães.
      Um grande abraço.

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  2. Caríssimo Dr. José Avelino

    Não sei por quê, sempre me interessou a "disciplina" judiciária, principalmente no que toca ao lado mais obscuro da humanidade - o crime. Quando frequentei o liceu, o meu desejo era continuar os estudos académicos na Faculdade de Direito, mas fiquei pelo caminho, por falta de apoio financeiro. Já trabalhava quando tentei prosseguir, na hipótese de ingressar na academia através do alínea E (salvo erro) do então 7º ano. Sem explicações (a não ser o Latim, com o padre da freguesia), como havia de ultrapassar o alemão? Literatura, Fisolofia (e Psicologia), História e Organização Política eram canja.
    Por alturas da primeira série do Almanaque, tinha um colaborador - o meu amigo Nuno Caramelo, que era, como sabe, solicitador - que se interessava por estas coisas, ia desencantando alguns processo do arquivo do tribunal e escrevia artigos sobre os mesmos (mudando os nomes dos intervenientes), sobre os quais eu colocava o título e fazia os desenhos antes de os editar.
    Para "O Crime", além de fazer uma página sobre o "artista" ou o "bando" (a saga de cada um levava, no mínimo, 15 páginas de 10 vinhetas cada), ainda me encomendavam as ilustrações de última hora. Sem fotografias da acção criminal, como é óbvio, descreviam-me por telemóvel como se deu a coisa e eu, nesse mesmo dia, lá enviava o testemunho desenhado como se tivesse presenciado a acção... de poltrona.
    Sobre os crimes e os bandoleiros, foram cerca de quatro dezenas de séries em BD, tudo feito a "mata-cavalos", incluindo a leitura da bibliografia atinente, consulta de "figurinos" e de "rostos", tudo isto fora das horas do meu trabalho normal.
    Valeu-me, no trabalho, a sanha dos perros danados: onde filam os dentes, não largam.
    É natural que, com o tempo, verifiquei algumas imperfeições e omissões, razão pela qual pretendia refazer aquelas produções. No caso do "Atentado a Salazar", alguns rostos dos intervenientes só me chegaram às mãos por fotografias publicadas recentemente, pelo que tive de "inventar".
    O único processo que consultei - através das fotocópias que o meu filho, estudante no Porto, me arranjou - foi a do processo do Zé do Telhado, do tribunal da Relação do Porto, e mesmo estas só me serviram para um livro romanceado sobre o dito, uma vez que já estavam publicadas as pranchas no semanário.

    Um grande abraço

    Santos Costa

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