quarta-feira, 5 de junho de 2013

AMOR, AMOR


Ando a escrever um romance policial. Melhor, estou a acabar de escrever o meu primeiro romance policial. Julgo que já publiquei em quase todos os géneros (quase, porque nunca escrevi nada sobre ficção científica e terror), mas falta-me publicar o meu romance policial, pois é o género de literatura que muito aprecio.
Sobre romances de amor escrevi muito. Curiosamente, este género não faz o meu género. Mas escrevi-os durante muito tempo, como já deixei expresso anteriormente neste blogue.
Ao arrumar umas gavetas, encontrei uma revista das edições Impala e deparei com uma página inteira de publicidade dedicada ao livro que a Editora resolveu publicar, juntando vinte dos meus contos (eles foram mais de duas centenas). Essa publicidade circulou em todas as revistas do Grupo, desde as mais pequenas às maiores.
Às vezes, sabe bem recordar estas "relíquias"; recordar, porque me deu prazer escrever para onde escrevi e onde me pagaram sempre a tempo e horas.

7 comentários:

  1. Ora aí está um livro, amigo Santos Costa, que eu gostaria de ter encontrado e lido quando apareceu à venda... mas deve ter-me passado despercebido, porque, confesso, literatura de amor também não era (e não é) o meu género favorito. Mas teria apreciado certamente, com muito gosto, esses contos, se soubesse que eram da sua autoria.
    Sei que na mesma revista também colaborou, durante vários anos, um dos nossos maiores novelistas de aventuras, o Lúcio Cardador, que eu tive a dita de conseguir recrutar (como ao Orlando Marques, ao Roussado Pinto, ao Raul Correia e a outras "velhas glórias") para o meu "Mundo de Aventuras". Mas também nunca li nenhum desses contos, com a inspiração romântica do Cardador...
    Parafraseando a sua última frase: sabe sempre bem recordar as coisas que fizemos por prazer e que foram devidamente recompensadas, mesmo que esse acto de memória nos provoque, às vezes, amargas reflexões sobre o presente.
    Um abraço do
    Jorge Magalhães

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  2. Caríssimo Jorge Magalhães

    Sabe bem ler os seus comentários e, ainda mais, quando há parágrafos, como o seu último, que são autênticos axiomas ou proposições. Poderá haver quem julgue que este repescar de memórias será fruto da idade - e ela pesa nisso, também - mas é a constatação entre a diferença do que é efémero e do que é perene.E da experiência da vida, que nos outorga cátedra.
    O Lúcio Cardador também colaborou na revista, mas de forma mais esporádica nos últimos tempos (os meus primeiros na mesma)e tinha lá contos que eu, sem o costume de ver os de outros escritores, não deixava de ler.
    O Orlando Marques escrevia "western", curiosamente numa pequena revista que já se extinguiu - a "Shane" - com o pseudónimo americanizado de Orld Mark, enquanto eu o fazia com Saint Coast. Também ambos escreveram várias aventuras no "Mundo de Aventuras", com maravilhosas ilustrações de Augusto Trigo e uma ou outra de Zé Neto.
    O maior elogio que me chegou, por email, da revista "Maria", através de uma das responsáveis da redacção, foi a seguinte frase - "já não se escreve como você o faz".
    Talvez por apreciarem a forma como eu dispersava os meus contos, os levasse à publicação deste livro - que foi o único sobre essa secção da "Maria" - com uma tiragem extraordinária, dando-me o privilégio de escolher aqueles que mais me agradavam (o que foi, naturalemnte, difícil)e a produzir uma "Introdução", onde aparece a minha assinatura e que rematei, referindo-me aos contos, desta guisa: "Veros ou falsos, nem eu cuidarei em saber, por todos eles assumirem foros de realidade neste entrecruzar de paixões, mais ou menos felizes, que enfeitam e justificam o ciclo da vida. Apenas desejo que a sua leitura seja tão gratificante como o foi a sua escrita".

    Um grande abraço de amizade
    Santos Costa

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  3. Caríssimo Santos Costa:

    Neste reavivar de memórias, por vezes tão gratificantes, quando o fazemos com interlocutores que já trilharam (ou trilham) as mesmas vias, como peregrinos do sonho, da fantasia e do amor às letras, ocorre-me que também colaborei na colecção "Shane", por si citada, com algumas curtas novelas, assinadas com pseudónimos, como era regra da casa. Ainda as guardo algures... Mas os vínculos com esse editor (que tinha, aliás, uma tipografia onde era feita a montagem do "Mundo de Aventuras") acabaram depressa por me terem cortado, num desses livritos, os finais de todos os capítulos, suprimindo cenas capitais e tornando a leitura da obra quase incompreensível. E tanta trapalhada só para meterem, nas últimas páginas, outra história que nem era minha! Fui aos "arames" e nunca mais escrevi nada para essa colecção... apesar de ser pago como os restantes colaboradores.
    Mas muito folgo por saber agora que você também por lá passou, com a "alcunha" (que acho saborosa) de Saint Coast. Claro que nunca tive esses números diante dos olhos, porque os teria inevitavelmente comprado, adivinhando que ali havia "gato escondido com rabo de fora". O Orlando Marques não utilizou só o pseudónimo de Horld Mark, mas muitos outros, geralmente inventados, sem qualquer nexo (como aconteceu comigo), pelos mentores dessa colecção. E também fez obras românticas para outra que eles publicavam, obviamente do género sentimental e cujo título já não me vem à memória.
    Fico à espera de poder ler, um dia, esses seus nacos de prosa, que me despertam particular interesse, sobretudo os "westerns" – área em que já me dei ao trabalho, noutros tempos, de coleccionar tudo o que veio à baila em português, dentro de uma certa bitola de qualidade... e disso os seus livros, mesmo aqueles que não conheço, são garantia sem precisar de selo!

    Um grande abraço do
    Jorge Magalhães

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  4. Caríssimo Jorge Magalhães

    Essa colecção, a determinada altura, deixou de prestar atenção às revisões do texto, o que era tanto mais notório quando os textos que eu enviei eram novamente compostos por alguém da casa, sem grande cuidado, deturpando algumas palavras e frases inteiras.
    De uma outra vez comprei uma novela "western" que tinha na capa, como autor, "Saint Coast", mas cujo título era, para mim, desconhecido. Abri a primeira página e vi que o texto não era meu. Trocaram o nome do autor.
    Deixei então de escrever dentro desse género e dediquei-me às peças que ia, de vez em quando, submetendo à publicação da revista "Notícias Magazine", que era distribuída por três diários, aos domingos, com temas tão variados como "os gestos que não se podem ter no estrangeiro", "tabus e alcunhas das regiões de Portugal", "bruxas e aparições", etc. A esse tempo também ia entregando algumas produções de investigação histórica à revista "História", então dirigida pelo Dr. Luís Almeida Martins, que foi (não sei se ainda é), um dos directores executivos da "Visão".
    Nesta região lancei, com a colaboração do Município, uma revista em forma de livro, com cerca de 250 páginas, a cores e em papel couché-mate, onde contei com a ajuda de muitos colaboradores. Saíram 14 números anuais.
    De vez em quando, uma editora de Estarreja batia-me à porta para executar ilustrações para capas e interior de livros cartonados e um editor de BD fazia o mesmo para me encomendar álbuns de BD para câmaras municipais.
    Para "O Crime" tinha preparada semanalmente - e com alguma antecipação, uma página inteira de banda desenhada (algumas ilustrações que me pediam, na hora, por telefone) e para "O Diabo", também semanalmente, um "cartoon", numa produção que durou mais de cinco anos e foi concomitante com os textos para a "Maria".
    No "Crime", havia o costume de quererem ilustrar um facto ocorrido recentemente com uma ilustração, pois a generalidade das ocorrências na área criminal não possuem fotografias. Com uma chamada, o director explicava-me o que tinha acontecido - quem matou quem, como e onde e eu - em uma hora ou até menos - fazia o "boneco" e enviava-o por email. O mesmo se passava com as ilustrações que fiz para os artigos do Dr. José António Barreiros (era ele, enquanto director do jornal, que me ligava a dizer o que pretendia) e do Dr. Alberto João Jardim.
    A investigação histórica - mormente a regional - permitiu que me envolvesse em monografias municipais, tendo feito algumas, sendo a de Aguiar da Beira (uma segunda edição, sequela da primeira) que me deu mais prazer: um luxuoso livro de 550 páginas em papel couché de boa gramagem, a cores, onde "enfiei uma BD de página".
    Sem me preocupar se ia fazer figura de sábio ou de urso, aventurei-me em concursos de televisão, onde fui buscar uns bons "trocados".
    Olhando para trás, Jorge, questiono-me sobre o tempo; hoje, meditando nisso, acho que a relatividade do tempo, preconizada por Einstein, é uma realidade que nós podemos moldar, sabendo utilizar e dosear as horas do dia (para além das da profissão) e alguma espertina.

    Um grande abraço
    Santos Costa

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  5. No seu caso, amigo Santos Costa, não há dúvida de que o tempo tem sido bem aproveitado, num afã intelectual e cultural que gerou imensos frutos. Fico admirado – como já tive ocasião de lhe dizer – com o volume considerável da sua produção durante os anos em que deixei de ter contactos consigo, julgando erroneamente que você teria posto de lado a BD e também um pouco a escrita – exceptuando os trabalhos que fez para "O Crime", que sempre acompanhei — para se dedicar à sua profissão e a outras actividades mais lucrativas.
    Tenho a desculpa de não chegarem, por hábito, a Lisboa os ecos das cidades mais provincianas e dos que lá vivem, como se pertencessem a outro mundo... quando afinal, como era (e é) o seu caso, estão bem activos, criando, planeando, sonhando, construindo, abrindo novos sulcos num caminho feito de amor e devoção à cultura das suas terras, mostrando que as artes e o progresso também passam por ali.
    Só posso felicitá-lo, mais uma vez, por tanto engenho e persistência, contra ventos e marés, em campos tão diferentes, com os dons de um autêntico animador cultural... e desejar-lhe os maiores sucessos nos projectos que tiver ainda à sua frente, porque sei que continuará a lutar contra a relatividade do tempo, moldando-a sem esforço no cadinho dos seus desejos.

    Um grande abraço
    Jorge Magalhães

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  6. Caríssimo Santos Costa, só agora li este seu post. Vou ficar à espera para poder ler - sou fanático de policiais. Estou a escrever também uma coisita no género, mas arrastou-se ao longo de tantos anos, deu tantas voltas, que já não sei bem se aquilo é um policial, eh, eh...

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  7. Caríssimo Machado-Dias

    A literatura policial é, para mim, aquela que mais emoções desperta, para além de me obrigar a pôr a engrenagem cerebral a trabalhar para antecipar a solução/enigma do autor.
    Curioso é saber que o meu Amigo também aprecia o género e, tal como eu, ter deixado arrastar o original durante tantos anos; no meu caso, foram tantos que, para situar a acção na actualidade tive de fazer muitas correcções, inclusive até na personagem principal, que passou da profissão de advogado para a de inspector de finanças (uma vez que estou mais "dentro" deste invólucro e assim embrulho a personagem nele), para além de corrigir os lugares, os costumes,os telemóveis pelos telefones e por aí adiante.
    Sou um leitor compulsivo do género policial, ao ponto de coleccionar quase todas as colecções envolventes, como é o caso dos mais de 700 números da "Vampiro" (com algumas faltas, cerca de 30).
    Como gosto de fazer capas (tenho-as feito para outros), gostaria de fazer a minha, seja quem for a publicá-lo. Já dei voltas à imaginação e não consigo. Vou ter de enregar a obra a quem consiga melhor resultado.

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